domingo, 18 de junho de 2023

Senador Marcos do Val relata choro de policial federal durante operação e confronta Dino e instrumentalização política: ‘Tem esse modus operandi’


Após ser alvo de operação de busca e apreensão ordenada por Alexandre de Moraes, ministro do STF, o senador Marcos do Val se manifestou em uma transmissão ao vivo, quando se pronunciou sobre a operação, seus motivos e consequências. Anteriormente, o parlamentar havia concedido entrevistas a veículos como CNN Brasil, TV Bandeirantes e Globo News. Posteriormente, o parlamentar discorreu a respeito da operação e de suas perspectivas no que toca às ações de Flávio Dino, Lula e Alexandre de Moraes.

O senador disse: “Já vinha dizendo que isso ia acontecer, mas tem muito mais coisas por trás disso. O sistema é muito maior do que se imagina. Na última sessão da CPMI, quando a esquerda resolveu sair, mostrei o vídeo do Flávio Dino, em que ele inclusive ligou para o Lula. Na TV Senado, tem o registro da CPMI do 8 de Janeiro. Como o vídeo estava nas minhas redes, mas não tem o mesmo peso que apresentar em uma CPMI, é como ir de um carro 1.0 para um turbo. A proporção é muito maior. Já estudando a história do Flávio Dino, ele tem esse modus operandi há muito tempo, ele sempre usou a polícia para fazer política, para monitorar a oposição, passar informação de quem são os opositores, de quem fala mal dele”. 

O senador relatou que foi informado de que a operação foi marcada para seu aniversário, contra manifestação da Procuradoria-Geral da República. Ele disse: “Depois de eu apresentar o vídeo na CPMI, ele mandou a Polícia Federal na minha casa. Aquele pedido já estava pronto desde abril, a PGR tinha negado, não tinha autorizado a fazer nenhuma operação a meu respeito, mas o ministro Alexandre de Moraes, não respeitando a PGR, esperando o momento certo, a informação, a fonte que me passou, é que de fato eles estavam esperando o dia do meu aniversário. Coincidiu de ser dias depois da CPMI. Hoje, estou enfrentando duas pessoas. O ministro Flávio Dino e o ministro Alexandre de Moraes. Ter entrado no meu gabinete foi a coisa mais grave na história. De forma monocrática, decisão apenas de Alexandre de Moraes, houve a busca no meu gabinete. O gabinete tem, dentro da Constituição, a sua função. É inviolável, tem todas as seguranças possíveis, muito difícil, durante 200 anos [de Senado Federal], ter acontecido isso. Teve um senador que foi pego com dinheiro na cueca e o gabinete dele nem sequer foi aberta a porta”.

Marcos do Val apontou peculiaridades da operação: “O próprio delegado que fez a busca e apreensão estava no telefone com o ministro. Eles estavam em contato direto. Vocês já viram alguma operação da Polícia Federal à tarde? Sempre é às 6h da manhã. Decidiram fazer à tarde para chamar a atenção. Na reunião com Lula e outros ministros, ocorrida na quarta-feira, ele disse que teria uma operação da PF. Para os presentes, ele deixou claro que seria para mim, mas não citou meu nome”.

O senador classificou como muito grave a violação do gabinete de um senador no exercício do mandato, e questionou o posicionamento dos parlamentares governistas: “A gravidade de violar um gabinete, mesmo para a oposição, é como se a nossa casa fosse invadida e a oposição gostando. Hoje, foi no meu quarto. Amanhã, pode ser no quarto deles. É de uma gravidade enorme, mesmo para os advogados que assumiram. É tão grave que eles apreenderam de novo o celular do Senado, com chip do Senado. Agora, os senadores estão expostos”. 

O senador afirmou que os investigadores teriam extrapolado inclusive as próprias ordens recebidas. Ele disse: “Como foi determinado, no documento, pelo delegado, que só entrariam nas conversas minhas com o ministro Alexandre de Moraes e com o Daniel, não fizeram isso, entraram em outras pastas, isso é uma ilegalidade (...). Vejam o nível a que eles chegaram de tentar assass* a minha reputação. Peço a todos que a verdade prevaleça”. 

O senador afirmou que, em seu entender, os policiais federais chegaram a ficar constrangidos com a tarefa, e enfatizou o grau de absurdo da decisão, dizendo: “No mandado, o ministro Alexandre de Moraes chega a dizer para me procurar em motéis. Se eu não tivesse uma ótima relação com minha esposa, teria problemas. Minha esposa poderia entender: ‘Olha, estavam investigando meu marido e meu marido estava em motéis’. Gente, se é capaz de fazer comigo…Os policiais que vieram, os que vieram aqui, quase a totalidade era de meus ex-alunos. Vou falar com toda a sinceridade para vocês: eles estavam extremamente constrangidos, eu falei para eles ficarem tranquilos, que eu já estava enfrentando esses dois. Um, que estava aqui dentro, chegou a chorar. Ele me abraçou, chorou e falou: ‘Olha, que país estamos vivendo’. Eu falei para ele que entendia perfeitamente, que ele estava cumprindo uma obrigação. Flávio Dino usa dessa estratégia, ele subiu rápido nas questões políticas do estado, derrubou a família Sarney lá no Maranhão usando a polícia”.

Marcos do Val rebateu a alegação utilizada para justificar a operação: “Ele deu a desculpa de que eu tinha postado um documento que era sigiloso e, então, eu cometi um crime. O documento, quando eu postei, até porque já tinha iniciado a CPMI, aquele era o segundo documento. Era o segundo documento, pois foi alterado pelo G. Dias. Ele deixou de ser sigiloso, havia um detalhe de diferença. Ele saiu da categoria de sigiloso e foi aí que eu postei. A Constituição também me garante fazer isso: no artigo 53, parágrafo sexto. Ele chega a dizer que a polícia está autorizada até a arrombar a minha porta. Isso é para um senador da República, que tem como dever fiscalizar o Executivo, os ministros do Executivo, impeachmar, afastar ministros do STF. Estou seguindo, rigorosamente, a lei e a Constituição. Não há dúvida disso. Tem a fala de que eu publiquei um documento sigiloso, mas ele não era mais. A Constituição me garante o direito de não dizer quem me deu o documento. Eu vou usar essa prerrogativa da Constituição”.

Nos inquéritos políticos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, a violação de gabinetes de parlamentares de diversas esferas, assim como a supressão de prerrogativas, já se tornou banal, por não haver qualquer oposição ou reação por parte das presidências do Legislativo, que submetem as Casas às decisões do ministro de forma servil. Embora haja muitos pedidos de impeachment do ministro, os presidentes do Senado impedem o andamento dos processos, e os inquéritos seguem fazendo vítimas. 

No chamado ‘inquérito do fim do mundo’, e nos inquéritos dele decorrentes, já houve: prisões políticas sem que houvesse sequer indiciamento das pessoas presas; imposição de uso de tornozeleira eletrônica e ‘prisão domiciliar’ em endereço diferente de onde as pessoas moravam; quebra de sigilo de parlamentares, inclusive de um senador; quebra de sigilos de pessoas e empresas, inclusive de veículos de imprensa; quebra de sigilos do ajudante de ordens do presidente da República; censura de veículos de imprensa e de parlamentares; bloqueio de redes sociais de jornalistas, veículos de imprensa e parlamentares; buscas e apreensões em empresas, residências, residências de familiares, e gabinetes de parlamentares; proibição de contato entre pessoas, que muitas vezes, nem se conhecem; proibição a parlamentares de concederem entrevistas; intervenções no comando de partido político; prisões em massa; entre outras.

A totalidade da renda da Folha Política, assim como de outros canais e sites conservadores, está sendo confiscada a mando do ex-corregedor do TSE, Luís Felipe Salomão, com o apoio e aplauso dos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Edson Fachin  A medida se soma a outras já tomadas contra o jornal, como a apreensão de todos os equipamentos, a mando do ministro Alexandre de Moraes, em inquérito que foi arquivado por falta de indícios de crime. 

Se você apoia o trabalho da Folha Política e pode nos ajudar a continuar nosso trabalho, doe qualquer valor através do Pix, usando o QR Code que está visível na tela, ou com o código ajude@folhapolitica.org 

Há 10 anos, a Folha Política vem mostrando os eventos da política brasileira e dando voz a pessoas que o cartel midiático quer manter invisíveis. Pix: ajude@folhapolitica.org

Toda a receita gerada pelo nosso jornal desde 1º de julho de 2021 está bloqueada por ordem do TSE. Ajude a Folha Política a continuar o seu trabalho. Doe por meio do PIX: ajude@folhapolitica.org
Depósitos / Transferências (Conta Bancária): 

Banco Inter (077)

Agência: 0001

Conta: 10134774-0

Raposo Fernandes Marketing Digital LTDA (Administradora da Folha Política)

CNPJ 20.010.215/0001-09

-

Banco Itaú (341)

Agência: 1571

Conta: 10911-3

Raposo Fernandes Marketing Digital LTDA (Administradora da Folha Política)

CNPJ 20.010.215/0001-09


Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário :

Postar um comentário