Durante o depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro à CPMI dos atos do dia 8 de janeiro, o senador Esperidião Amin lembrou que, com a organização dos trabalhos imposta pela relatora e pelo presidente, a Comissão estava apenas ouvindo, pela quinta vez, as pessoas que estão depondo, que já foram questionadas por várias instituições, ao contrário dos agentes que se omitiram e permitiram os atos de depredação e vandalismo do dia 8.
O senador afirmou: “todos os que vieram aqui, e que foram priorizados pela CPI, já passaram por 4 lugares. É impossível extrair alguma novidade. Agora, nenhum dos agentes da omissão foi chamado até agora”. Amin alertou: “Se continuar nessa batida, presidente, nós vamos ter que fazer a CPMI da obstrução da investigação. Porque quero lhes dizer em que ponto nós estamos a propósito dos tais relatórios. Aqueles relatórios que estão disponibilizados, ainda em caráter sigiloso, e todos já foram ver… Todos ali podem observar que, no dia 6 de janeiro, foi prestada a seguinte informação: vai haver invasão do Congresso Nacional”.
Esperidião Amin disse: “48 agências! Nenhuma pessoa vinculada a qualquer dessas 48 agências foi chamada a vir aqui. E quero dar uma informação única: nós todos já pedimos, porque ouvimos do atual diretor-geral da Abin, na CCAE da semana passada, que os documentos nunca foram sigilosos. Quem apôs sigilo no primeiro - aquele que foi modificado - foi o GSI, não foi a Abin. Quem retificou foi a Abin, e quem fez o relatório anexo foi a Abin”.
O senador denunciou a subserviência do Senado: “Foi dito pelo diretor-geral da Abin que aquilo nunca teve sigilo. Nós requeremos três vezes, e senhor sabe o que a advocacia-geral do Senado fez com o nosso pedido? Fez uma petição ao ministro Alexandre de Moraes, ontem, pedindo permissão para entender que aqueles relatórios não têm sigilo. O grau de obediência que nós estamos tendo ao império da omissão é um escândalo”. O senador acrescentou: “isso é um desserviço às obrigações do Senado Federal”.
Esperidião Amin denunciou a covardia presente na recusa da CPMI em investigar as omissões do governo federal. Ele disse: “estamos num caminho tortuoso de insistir em uma narrativa que já passou por quatro outros fóruns. (...) E não temos a coragem de procurar investigar as omissões. E quem acreditar que não houve nenhuma omissão realmente está em outro planeta, ou está em outra narrativa, ou quer convencer, pela ausência do contraditório, que seu dogma é verdadeiro. E dogma imposto não sobrevive a nenhum Estado de Direito”.
O senador concluiu dizendo: “todos têm direito de perguntar, já escutei aqui até alguns insultos a quem não quis responder o que o interrogador queria ouvir. E isso não é novidade. A Inquisição só fez isso. Quero fazer um apelo para que tenhamos a humildade de privilegiar os fatos sobre as nossas narrativas pré-concebidas. E aqui, elas existem”.
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