sábado, 16 de setembro de 2023

Advogada Tainá Rebouças faz grave alerta ao exigir reação do Senado a violações de Moraes: ‘Dias de horror…este país vai ter um rumo muito pior, é o que a gente já está prevendo’


Durante audiência pública para debater Violações a Direitos Humanos em Decorrência de Manifestações Políticas,  promovida pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, a advogada Tainá Rebouças rebateu o ministro Alexandre de Moraes e fez um apelo aos senadores. 

A advogada apontou que, durante o primeiro julgamento de um dos réus em conexão com o 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes mandou notificar a Ordem dos Advogados do Brasil, porque ele não gostou do que ouviu dos advogados. Thainá Rebouças lembrou que a OAB existe para defender os advogados e a lei, e que não é isso o que a entidade vem fazendo. 

A advogada apontou que não há qualquer oposição efetiva aos atos do ministro Alexandre de Moraes e lembrou: “ninguém vai devolver para essas pessoas os dias de horror que elas viveram lá dentro e que ainda vivem. Ninguém vai devolver a vida que essas pessoas estão tendo hoje. Ninguém devolve”. 

Tainá Rebouças questionou: “até quando a gente vai continuar ouvindo que os fatos que a gente apresenta aqui serão investigados, serão analisados? Até quando isso? Nós estamos em setembro. Para mim, um dia de espera, tudo bem. Para você, um dia de espera, tudo bem. Para quem está em casa, um dia de espera, tudo bem. Mas, para essas pessoas, um dia é um século. Nós estamos em setembro, tem gente que foi presa em dezembro. Até quando a gente vai aceitar narrativas para justificar o injustificável?”.

A advogada fez um apelo, dizendo: “o Senado precisa fazer alguma coisa. Façam alguma coisa!”. Ela agradeceu aos parlamentares que buscam ajudar de alguma forma e disse: “aqueles que ainda não se manifestaram, se manifestem, acordem, façam alguma coisa. Porque, se vocês não fizerem, este país vai ter um rumo muito pior, que é o que a gente já está prevendo”. 

Apesar de alguns senadores agirem no limite de seus poderes para frear os atos autoritários de ministros das cortes superiores, a Casa legislativa, como um todo, permanece cega, surda e muda, indiferente aos ataques à democracia, graças ao seu presidente, Rodrigo Pacheco, que engaveta todos os pedidos de impeachment que chegam às suas mãos. 

Os senadores há muito tempo têm conhecimento dos inquéritos secretos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, utilizando delegados da polícia federal escolhidos a dedo para promover uma imensa operação de “fishing expedition” contra seus adversários políticos. O desrespeito ao devido processo legal e a violação ao sistema acusatório são marcas dos inquéritos políticos conduzidos pelo ministro e já foram denunciados pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge, que promoveu o arquivamento do inquérito das Fake News, também conhecido como “Inquérito do Fim do Mundo”, e também por inúmeros juristas, inclusive em livros como “Inquérito do fim do Mundo”, “Sereis como Deuses”, e no mais recente “Suprema desordem: Juristocracia e Estado de Exceção no Brasil”. O ministro Alexandre de Moraes já foi chamado de “xerife” pelo então colega Marco Aurélio Mello pelos excessos cometidos em seus inquéritos. Na imprensa internacional, as denúncias vêm se avolumando. O ministro Kássio Nunes Marques consignou, em voto, as violações de direitos humanos nas prisões em massa ordenadas por Moraes. Apesar das constantes denúncias, o Senado brasileiro segue inerte. 

Os senadores sabem sobre os jornais que foram “estourados” e tiveram todos os seus equipamentos apreendidos, e sabem sobre os jornalistas perseguidos, presos e exilados. Os senadores não apenas foram informados sobre a invasão de residências de cidadãos e apreensão de bens, mas também viram, sem qualquer reação, operações contra seus próprios membros, o senador Arolde de Oliveira e o senador Marcos do Val. Os senadores sabem que muitos meios de comunicação vêm sendo censurados há muito tempo. Os senadores souberam sobre a prisão do deputado Daniel Silveira, em pleno exercício do mandato, por palavras em um vídeo. Os senadores sabem que o ex-deputado voltou a ser preso, por supostas violações a medidas cautelares que foram impostas em um processo que tinha sido extinto pela graça presidencial. Os senadores sabem que a graça presidencial, constitucional, foi cancelada. Os senadores foram informados sobre a perseguição a jornalistas, que são censurados, impedidos de exercerem sua profissão, e têm bens e redes sociais bloqueados. Os senadores sabem que ativistas passaram um ano em prisão domiciliar, sem sequer denúncia, obrigados a permanecer em Brasília, mesmo morando em outros estados. Os senadores sabem das violações a prerrogativas de advogados. Os senadores sabem sobre a prisão de Roberto Jefferson,  presidente de um partido, e sua destituição do cargo a mando de Moraes. Os senadores sabem da censura a parlamentares. Os senadores sabem que jornais, sites e canais conservadores têm sua renda confiscada há dois anos. Os senadores sabem sobre as prisões em massa sem individualização de condutas, sob acusações descabidas. Os senadores sabem sobre as multas estratosféricas e confiscos de propriedade. Os senadores sabem que crianças ficam presas com seus pais, sem meios de sustento, em “cautelares” sem prazo para acabar. Os senadores conhecem muitos outros fatos.  Mesmo assim, todos os pedidos de impeachment, projetos de lei, e requerimentos de CPI seguem enchendo as gavetas do sr. Rodrigo Pacheco. 

Há mais de quatro anos, o ministro Alexandre de Moraes conduz, em segredo de justiça, inquéritos políticos direcionados a seus adversários políticos. Em uma espécie de “parceria” com a velha imprensa, “matérias”, “reportagens” e “relatórios” são admitidos como provas, sem questionamento, substituindo a ação do Ministério Público e substituindo os próprios fatos, e servem como base para medidas abusivas, que incluem prisões políticas, buscas e apreensões, bloqueio de contas, censura de veículos de imprensa, censura de cidadãos e parlamentares, bloqueio de redes sociais, entre muitas outras medidas cautelares inventadas pelo ministro, sem qualquer chance de defesa ou acesso ao devido processo legal. 

O mesmo procedimento de aceitar depoimentos de testemunhas suspeitas e interessadas, e tomar suas palavras como verdadeiras, se repete em diversos inquéritos nas Cortes superiores. A Folha Política já teve sua sede invadida e todos os seus equipamentos apreendidos a mando do ministro Alexandre de Moraes. Atualmente, a renda do jornal está sendo confiscada a mando do ministro Luís Felipe Salomão, ex-corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, com o aplauso dos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Edson Fachin. Todos os rendimentos de 26 meses de trabalho de jornais, sites e canais conservadores são retidos sem qualquer base legal.  

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