Durante sessão da CPI do Distrito Federal que investiga os atos do dia 8 de janeiro, no depoimento do cacique Sererê, a deputada distrital Paula Belmonte apontou a hipocrisia e a brutalidade de alguns parlamentares com o depoente, que foi acusado como criminoso por ser indígena e por ser cristão.
A deputada disse: “eu ouvi o seu depoimento inteiro e quero pedir a Deus que abençoe o senhor, abençoe a família do senhor, abençoe a aldeia do senhor”. Paula Belmonte afirmou que, diferente de alguns outros parlamentares, já visitou aldeias indígenas e constatou que a realidade dos povos indígenas não é bonita. Ela relatou uma série de problemas enfrentados pelas aldeias indígenas e disse: “e esse povo quer liberdade, e eles precisam de ter liberdade - eles precisam ter liberdade de se manifestar, sim, eles precisam ter liberdade de ter prosperidade, e é isso que nós precisamos defender”.
Paula Belmonte alertou sobre as atitudes dos parlamentares de extrema-esquerda, que costumam achacar os depoentes de direita. Ela disse: “Eu quero aqui dizer que a nossa CPI não é julgadora, ela é investigadora. (...) Nossa função aqui é investigar. Não sou eu que tenho que julgar. Eu tenho que investigar e mostrar para o Ministério Público quais são os atos e quais são as conclusões da nossa investigação”.
Belmonte disse: “eu vi aqui um show de preconceito com os povos indígenas”. A deputada mostrou que os parlamentares de esquerda, ao confrontarem o depoimento do índio com o de um fazendeiro, assumiram como verdade o depoimento do fazendeiro, e consideraram falso o depoimento do indígena. Ela lembrou que a Constituição brasileira prevê a presunção de inocência, e apontou que, na CPI, os parlamentares de esquerda declararam que o índio estava mentindo e o fazendeiro, falando a verdade. Ela disse: “Foi isso que nós ouvimos, nesse show de horror que foi aqui. Um preconceito ao povo indígena. Eu me senti muito triste ao ver parlamentares que dizem defender os povos indígenas tratando o senhor da forma que tratou”.
A deputada lembrou ainda que os brasileiros têm liberdade de culto e podem escolher em que desejam acreditar, e, da mesma forma, podem escolher em quem votar, e não devem ser julgadas por isso.
Paula Belmonte disse: “não temos aqui o direito de estar julgando”. Ela acrescentou: “eu quero dizer que eu digo aqui que o ministro Flávio Dino está mentindo. E eu quero saber o que é que ele vai falar. Eu tenho falado aqui, mais de dois meses: o senhor Flávio Dino, ministro da justiça, tem sido debochado com o povo brasileiro. Ontem ele disse que sumiu as fitas. As fitas do que eles dizem que foi um ato golpista. O ministro da justiça falar isso? Ele, sim, está destruindo provas importantes. Ele, sim, está com medo de mostrar o que teve dentro do mj. Esse, sim, é o grande mentiroso da república. E aí? O que esta CPI vai fazer dentro desse fato? A destruição de provas dentro de um ato, como dizem, de golpistas”.
Investigações seletivas estão comuns no País. No Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes conduz inquéritos sigilosos contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um desses inquéritos, a sede da Folha Política foi invadida e todos os equipamentos do jornal foram apreendidos. Após a Polícia Federal atestar que não havia motivos para qualquer indiciamento, o inquérito foi arquivado a pedido do Ministério Público, mas o ministro abriu outro inquérito de ofício e compartilhou os dados do inquérito arquivado. Atualmente, a renda do jornal está sendo confiscada a mando do ministro Luís Felipe Salomão, ex-corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, em atitude que foi elogiada pelos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Edson Fachin. Há mais de 26 meses, toda a renda de jornais, sites e canais conservadores está sendo retida, sem qualquer base legal.
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