domingo, 17 de setembro de 2023

Questionado por ex-diretor da Abin, general Dutra confirma que não houve tentativa de golpe e Ramagem aponta: ‘total incompetência e omissão deliberada’


Durante sessão da CPMI que deveria investigar os atos do dia 8 de janeiro, o deputado Delegado Ramagem, ex-diretor da Abin, questionou o general Dutra, que era o responsável pelo Comando Militar do Planalto naquela data, e confirmou que os acampamentos em frente ao QG, acompanhados por meses pelos militares que ali estavam, eram pacíficos e que as pessoas que participaram das invasões não saíram dali. 

O deputado mostrou que o relatório da intervenção federal indicou que o acampamento estava sendo desmobilizado desde o dia primeiro de janeiro, e o general Dutra confirmou que “no dia 6 de janeiro, as barracas já estavam praticamente desmontadas, e o público presente era basicamente de pessoas com vulnerabilidade”.

Delegado Ramagem lembrou que a Abin alertou que havia ônibus se dirigindo a Brasília com manifestantes e perguntou: “General, cai por terra, então, que se tratava ali, em frente ao QG do Exército, de um núcleo embrionário de caos para invasão e causar danos? Ou a movimentação que estava ali era pacífica e ordeira?”. 

O general respondeu, confirmando a nítida distinção entre os dois grupos: “o acampamento foi pacífico, nenhuma instituição declarou ele ilegal. Os crimes ali levantados foram crimes comuns, conforme levantado no relatório do Interventor, e também pelo Delegado da Polícia Civil. E o acampamento, como o senhor mencionou, no dia 6, ele já estava praticamente desmobilizado, e as pessoas que participaram do ato do dia 8 chegaram a Brasília, basicamente, nos ônibus do dia 7”.

O deputado Delegado Ramagem questionou o general se, em algum momento, o Exército perdeu seu comando ou contribuiu para a depredação. Face à negativa, Ramagem desenhou: “está comprovado aqui, pelo Comandante do Comando Militar do Planalto, que todos os requisitos indispensáveis a qualquer golpe de Estado não estavam preenchidos. Eram vândalos que entraram na estrutura e depredaram, e por isso têm que ser responsabilizados”.

O deputado explicou que, uma vez que não há qualquer indício de golpe, é necessário investigar os atos de depredação e as omissões de autoridades que permitiram que aqueles atos ocorressem naquela extensão. Ramagem disse: “Os delinquentes têm que ser punidos em suas medidas. Ontem houve uma condenação de 17 anos a um delinquente, quando a gente sabe que a Elize Matsunaga esq*** e m*** seu marido e pegou 16 anos. É evidente que há algo muito errado com a nossa Justiça brasileira. Será que as omissões terão correspondência de responsabilidade como com esses delinquentes? É o que nós queremos verificar”.

Delegado Ramagem mostrou que o GSI de Lula, mesmo sabendo com antecedência da possibilidade de problemas, solicitou um único pelotão por volta do meio-dia. Ele apontou: “A nossa conclusão aqui é que os fatores foram total incompetência e uma omissão deliberada que aconteceu pelo GSI, que está cada vez mais comprovada”.

O deputado perguntou: “O senhor é um General de Divisão do Exército, três estrelas, o senhor já comandou batalhões, o senhor já comandou brigadas, mais de uma organização militar, o senhor tem uma formação de estrutura de combate. Havendo sete pelotões a 50m do evento, abrigados, cientes das demandas, preparados para ameaça, o senhor entende que esses sete pelotões, se empregados, auxiliariam de alguma forma a evitar o conflito, a minimizar o conflito e a solucionar e colocar ordem na Esplanada dos Ministérios?”. O general não quis responder. 

Ramagem afirmou: “essas graves omissões, eu digo ao senhor, General, que os generais têm que mudar a sua postura, do contrário, a credibilidade das Forças Armadas, em grave crise neste momento, não mais retornará. O povo brasileiro conta com ela para a defesa da nossa soberania”.

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