terça-feira, 28 de novembro de 2023

Senador Cleitinho declara voto contrário a Flávio Dino no STF e pede pressão popular sobre os senadores: ‘Ele já deixou bem claro que é comunista’


O senador Cleitinho explicou, da tribuna, por que votará contra a indicação do ministro de Lula, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal, e pediu aos colegas senadores, em especial os que receberam o voto de cidadãos conservadores, que também votem contra. O senador ironizou as pessoas que ficam “em cima do muro” e disse: “Para mim representatividade é isso: o eleitor votou em mim para eu poder chegar aqui e votar aqui "sim" ou "não". E eu escuto meu eleitor. Eu já recebi mais de mil mensagens de ontem para hoje pedindo para não votar nele. Eu sou empregado de vocês. Vocês me colocaram aqui, vocês mandam no meu voto. Se vocês não querem, eu também não quero”.

O senador relatou que ouve perguntas se ele não tem medo de ser perseguido, já que tem sido a prática de alguns ministros do Supremo perseguir abertamente opositores políticos. Cleitinho disse: “Eu queria aqui chamar atenção porque vão falar assim: "Cleitinho, mas você já votou contra o Zanin, vai votar contra o Flávio Dino também?" Vou. "Mas você não tem medo de perseguição, não?". Perseguição por quê? Eu entrei aqui com as mãos limpas. Eu entrei aqui para fazer o certo. Eu não tenho que temer nada. Não estou fazendo nada de errado. Por que eu tenho que ter medo de ministro? Não tenho que ter medo não. Eles têm que me respeitar e eu tenho que respeitá-los. E eu quero deixar bem claro aqui: meu voto é contra”.

Ele lembrou aos senadores que foram eleitos com os votos dos conservadores que só precisam da maioria para barrar a indicação, e pediu aos cidadãos que informem aos senadores o que esperam deles. Ele disse: “a gente precisa de 40 Senadores para poder barrar o Flávio Dino. E eu quero só mostrar isso aqui para os Senadores, para a população brasileira, porque isso aqui já vale para barrá-lo. Para quem fala que é de direita conservadora, tem que votar contra. Quarenta, gente. Então, eu peço aqui à população brasileira: dentro do respeito, procure o seu Senador, como vocês estão me procurando também, e peça para votar contra”.

Um placar na plataforma “comovotasenador” mostra que, até o momento de publicação desta matéria, 19 senadores já declararam voto contrário a Dino no STF, 15 declararam voto a favor, e 47 senadores seguem indefinidos. Um abaixo-assinado contra a indicação de Dino já se aproxima de 300 mil assinaturas de cidadãos. 

Apesar de alguns senadores agirem no limite de seus poderes para frear os atos autoritários de ministros das cortes superiores, a Casa legislativa, como um todo, permanece cega, surda e muda, indiferente aos ataques à democracia, graças ao seu presidente, Rodrigo Pacheco, que engaveta todos os pedidos de impeachment de ministros de cortes superiores que chegam às suas mãos. 

Os senadores há muito tempo têm conhecimento dos inquéritos secretos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, utilizando delegados da polícia federal escolhidos a dedo para promover uma imensa operação de “fishing expedition” contra seus adversários políticos. O desrespeito ao devido processo legal e a violação ao sistema acusatório são marcas dos inquéritos políticos conduzidos pelo ministro e já foram denunciados pela ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge, que promoveu o arquivamento do inquérito das Fake News, também conhecido como “Inquérito do Fim do Mundo”, e também por inúmeros juristas, inclusive em livros como “Inquérito do fim do Mundo”, “Sereis como Deuses”, e no mais recente “Suprema desordem: Juristocracia e Estado de Exceção no Brasil”. O ministro Alexandre de Moraes também já foi chamado de “xerife” pelo então colega Marco Aurélio Mello pelos excessos cometidos em seus inquéritos. Na imprensa internacional, as denúncias vêm se avolumando. O ministro Kássio Nunes Marques consignou, em voto, as violações de direitos humanos nas prisões em massa ordenadas por Moraes. Apesar das constantes denúncias, o Senado brasileiro segue inerte. 

Os senadores sabem sobre os jornais que foram “estourados” e tiveram todos os seus equipamentos apreendidos, e sabem sobre os jornalistas perseguidos, presos e exilados. Os senadores não apenas foram informados sobre a invasão de residências de cidadãos e apreensão de bens, mas também viram, sem qualquer reação, operações contra seus próprios membros, o senador Arolde de Oliveira e o senador Marcos do Val. Os senadores sabem que muitos meios de comunicação vêm sendo censurados há muito tempo. Os senadores souberam sobre a prisão do deputado Daniel Silveira, em pleno exercício do mandato, por palavras em um vídeo. Os senadores sabem que o ex-deputado voltou a ser preso, por supostas violações a medidas cautelares que foram impostas em um processo que tinha sido extinto pela graça presidencial. Os senadores sabem que a graça presidencial, constitucional, foi cancelada. Os senadores foram informados sobre a perseguição a jornalistas, que são censurados, impedidos de exercerem sua profissão, e têm bens e redes sociais bloqueados. Os senadores sabem que ativistas passaram um ano em prisão domiciliar, sem sequer denúncia, obrigados a permanecer em Brasília, mesmo morando em outros estados. Os senadores sabem das violações a prerrogativas de advogados. Os senadores sabem sobre a prisão de Roberto Jefferson,  presidente de um partido, e sua destituição do cargo a mando de Moraes. Os senadores sabem da censura a parlamentares. Os senadores sabem que jornais, sites e canais conservadores têm sua renda confiscada há mais de dois anos. Os senadores sabem sobre as prisões em massa sem individualização de condutas, sob acusações descabidas. Os senadores sabem sobre as multas estratosféricas e confiscos de propriedade. Os senadores sabem que crianças ficam presas com seus pais, sem meios de sustento, em “cautelares” sem prazo para acabar. Os senadores sabem que Clériston Pereira da Cunha morreu no cárcere, com um pedido de soltura aguardando que o ministro se dignasse a apreciar. Os senadores sabem que outras pessoas presas injustamente só foram soltas após a morte do preso político no cárcere. Os senadores conhecem muitos outros fatos.  Mesmo assim, todos os pedidos de impeachment, projetos de lei, e requerimentos de CPI seguem enchendo as gavetas do sr. Rodrigo Pacheco. 

Há mais de quatro anos, o ministro Alexandre de Moraes conduz, em segredo de justiça, inquéritos políticos direcionados a seus adversários políticos. Em uma espécie de “parceria” com a velha imprensa, “matérias”, “reportagens” e “relatórios” são admitidos como provas, sem questionamento, substituindo a ação do Ministério Público e substituindo os próprios fatos, e servem como base para medidas abusivas, que incluem prisões políticas, buscas e apreensões, bloqueio de contas, censura de veículos de imprensa, censura de cidadãos e parlamentares, bloqueio de redes sociais, entre muitas outras medidas cautelares inventadas pelo ministro, sem qualquer chance de defesa ou acesso ao devido processo legal. 

O mesmo procedimento de aceitar depoimentos de testemunhas suspeitas e interessadas, e tomar suas palavras como verdadeiras, se repete em diversos inquéritos nas Cortes superiores. A Folha Política já teve sua sede invadida e todos os seus equipamentos apreendidos a mando do ministro Alexandre de Moraes. Atualmente, a renda do jornal está sendo confiscada a mando do ministro Luís Felipe Salomão, ex-corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, com o aplauso dos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Edson Fachin. Todos os rendimentos de 28 meses de trabalho de jornais, sites e canais conservadores são retidos sem qualquer base legal.  

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