Durante uma audiência pública realizada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, com o tema “ativismo judicial e a legitimidade democrática”, o Deputado Lafayette de Andrada fez uma exposição em que mostrou que o ativismo judicial é o contrário da legitimidade democrática, apontando que as justificativas para o ativismo não se sustentam.
O deputado disse: “o que é grave e eu quero trazer aqui é que não poucas vezes, nos últimos anos, o Poder Judiciário, em especial o Supremo, de maneira muito flagrante, tem adentrado naquilo que é a competência do Poder Legislativo”. Andrada rebateu as justificativas utilizadas para a invasão de atribuições dos outros poderes. Ele disse: “Quem tem competência e quem deve exprimir a voz da população, os anseios do povo, da sociedade, é o Poder Legislativo. Ele é que foi votado, ele é que foi escolhido para isso. E se, frequentemente, o Poder Legislativo silencia em função de determinado tema, muitas vezes é um silêncio eloquente, é porque não há o necessário amadurecimento ainda para legislar sobre aquilo”.
Andrada explicou que, ao invés de se restringir a julgar os casos concretos, o Supremo Tribunal Federal vem criando leis, inclusive contrárias às leis existentes. O deputado disse: “temos visto, lamentavelmente, com muita frequência, o Supremo não só legislar preenchendo lacunas, como legislar modificando o que existe”. Ele prosseguiu: “A lei já existe. A lei fala A claramente no texto legal, sem muita dúvida de interpretação, e o Supremo vai lá e fala B. Então, o Supremo legislou, e isso acontece com muita frequência, infelizmente”.
O deputado disse: ‘O que eu tenho percebido é um viés de alguns Ministros, e a moda está pegando, quanto ao chamado pós-positivismo, neoconstitucionalismo, em que a letra da lei não tem o mesmo valor de um direito teórico intrínseco, e quem tem o poder de interpretar esse direito subjetivo é somente o Supremo, acima do que diz a lei. Eu, sinceramente, não sou daqueles que concordam com essa tese”. Andrada sugeriu: “eu acho que o Supremo precisa ser mais prudente. (...) há momentos em que, de maneira clara e evidente, o Supremo atropela a lei. Há vários exemplos disso”.
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