Durante transmissão ao vivo, o embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores do governo Bolsonaro, comentou a “bronca” dada pelos Estados Unidos após o Brasil permitir o vazamento de informações de inteligência. O ex-chanceler respondia a perguntas sobre a possibilidade do Brasil apoiar o ditador Nicolás Maduro em suas investidas contra a Guiana.
Ernesto Araújo lembrou que Lula concedeu tratamento especial a Maduro, recebendo-o com honras de chefe de Estado e concedendo-lhe uma reunião bilateral durante encontro com vários chefes de Estado. Ele apontou: “E, se não me engano, nessa ocasião foi firmado um instrumento pelo qual Brasil e Venezuela compartilhariam inteligência e informações, abre aspas, no combate ao narcotráfico, fecha aspas. Eu acredito que começaram a compartilhar informações, sim. Só não acredito na parte do combate ao narcotráfico”.
Ernesto Araújo apontou: “o certo é que tem talvez aí parte da inteligência brasileira que pode estar sendo utilizada a favor dos desígnios de Maduro. Então, temos esse cenário e esse é o cenário mais aparente hoje em dia, sobretudo quando é a América do Sul, quando é o Brasil. A gente tem que abrir o porão do porão, tem muito bicho, muito mais feio do que os bichos, que já são feios, que a gente vê na superfície. Então, a visita da dama do tráfico, por exemplo, ao ministério da Justiça, é um bicho que apareceu na superfície porque revela muita coisa acontecendo ali debaixo”.
O embaixador explicou que, no mundo todo, o crime organizado mantém estruturas de poder que se intercomunicam. Ele mostrou as relações entre diversas máfias e a infiltração em governos. Araújo apontou que, mesmo nos Estados Unidos, “há suspeitas de que está cada vez mais penetrado pelo crime organizado. Então, isso faz parte do enfraquecimento americano. O sistema de justiça americano, que foi tão robusto no enfrentamento ao narcotráfico na América Latina, já não é o que foi, não é o que foi, parece”.
Araújo apontou que parece difícil entender a omissão dos EUA diante de Maduro e ironizou, dizendo que muitas coisas difíceis de entender podem ser explicadas seguindo-se o dinheiro. Ele lembrou que o mundo ocidental sofre com a penetração do crime organizado no poder, e apontou que uma das maneiras de penetração do Ocidente é “você ter tomadores de decisão na principal potência ocidental que não tomam decisões contrárias aos grandes cartéis da droga. Os grandes regimes socialistas na América do Sul”. Ele resumiu: “O certo é que as democracias hoje jogam um jogo de meninas, de colégio de freira, e os totalitarismos jogam um jogo de máfia”.
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