Em transmissão ao vivo, o embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, explicou a estratégia do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, ao ameaçar invadir o país vizinho, apontando como uma das possibilidades a tática conhecida como “colocar um bode na sala”. O embaixador mostrou que, com a ameaça de invasão, o ditador vem conseguindo vantagens negociais diante dos defensores da liberdade no Ocidente.
O diplomata fez uma análise crítica da postura norte-americana diante do crime organizado e da ascensão de regimes tirânicos na América Latina e abordou como potências ocidentais estariam atuando de forma ingênua ou inerme diante de regimes antidemocráticos.
Dessa forma, ele abordou a tática que pode estar sendo empregada pelo ditador Nicolás Maduro: “São tão difíceis de entender essas atitudes do Departamento de Estado americano em relação a Maduro, de passar a mão na cabeça Maduro e de pavimentar o caminho do Maduro rumo à sua legitimação. Isso não é só burrice, isso eu acho que tem mais coisa por trás. Eu estava conversando com alguém sobre isso. O que explica? É tão difícil de entender essas atitudes americanas, complacentes para com o Maduro, por exemplo, complacente para com Lula, complacente para com o Irã”. Ele disse: ‘Geralmente, quando uma coisa é muito difícil de entender, a gente entende com o dinheiro’. Quando algo é muito estranho, a estranheza se explica por algum fluxo de dinheiro, essa é uma hipótese que eu tenho. Mas vivemos no mundo real. Nós não vivemos no mundo que muitos diplomatas brasileiros acham que a gente vive, que é o mundo dos salões acarpetados da ONU”.
Nesta toada, Ernesto Araújo desabafou: “O Ocidente está penetrado, essa é uma das maneiras de penetração do Ocidente. Você ter tomadores de decisão na principal potência ocidental que não tomam decisões contrárias aos grandes cartéis da droga, aos grandes regimes narcossocialistas na América do Sul”.
Dessa forma, o embaixador explicou as tensões negociais entre Maduro e os Estados Unidos, explicando como a ameaça de invasão da Guiana seria um “bode na sala”: “Uma hipótese que eu tenho é de que o Maduro não pretende invadir. Trabalho com a hipótese de o Maduro não invadir, mas que isso significaria o famoso colocar um bode na sala. Em relação ao tratamento com os americanos, com os Estados Unidos, isso é uma técnica de negociação. Em técnica de negociação, se fala muito. Está tudo muito complicado numa determinada negociação, então você introduz uma proposta que é um absurdo. E aí as pessoas acham que isso é um absurdo. Discute-se aquilo durante um certo tempo. Depois, tira essa proposta e dá uma sensação de alívio. Volta tudo como estava, mas agora com uma sensação diferente, não com uma sensação de impasse, mas com uma sensação de alívio. Isso é a explicação tradicional do bode”.
Ademais, Ernesto Araújo prosseguiu em sua explicação: “Por que um bode? Ali na negociação, ninguém está se entendendo, mas aí você põe um bode dentro da sala, o bode corre para cá, para lá e derruba isso, aquilo, causa o maior transtorno. Finalmente, consegue agarrar o bode, tira o bode da sala. Está na mesma, mas agora o bode não está mais na sala. Então, pode ser um pouco isso no seguinte sentido: Maduro já conseguiu muita coisa com os americanos, com esse governo de pijama dos Estados Unidos. Basicamente, o que ele quer é o reconhecimento dele como um chefe de Estado normal em troca de eleições no ano que vem que ninguém vai supervisionar e que a principal opositora não vai poder concorrer. Então, já conseguiu muito. O que ele quer? Garantir isso”.
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