No decorrer de transmissão ao vivo do programa Código Fonte, o embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores, explicou como o crime organizado, assim como influenciadores pagos presentes na mídia e nas redes sociais, podem contribuir para a emergência e a consolidação de regimes totalitários.
Ernesto Araújo analisou: “Os próceres, os brokers, os agentes totalitários: além, portanto, da mídia em geral, dos influenciadores individuais, em particular, eu acho, tem também o crime organizado. Ele pode atuar, num país como o Brasil, como um agente do poder totalitário. O crime organizado facilita a circulação de riqueza, funciona como uma espécie de corrente sanguínea do corruptariado brasileiro.
Ademais, o ex-chanceler apontou como influenciadores são cooptados para apoiar regimes ditatoriais, analisando a obra da estudiosa Lynette Ong no que concerne ao sistema chinês e as recentes ações da Rússia no que concerne à guerra da Ucrânia, com ameaças, intimidações e invasões.
Neste contexto, Ernesto Araújo advertiu para como a China estaria cooptando agentes totalitários em todo o Mundo, em especial no Brasil: “A União Soviética nunca conseguiu mudar sua imagem. A União Soviética sempre foi vista nas democracias ocidentais como um país totalitário, comunista. Todo mundo obedece ao Partido Comunista, partido único, não tem democracia, não tem coisa nenhuma, não tem nenhuma virtude cívica, virtude política (...). O Totalitarismo Soviético nunca conseguiu se normalizar no Ocidente, nem diante de seus próprios cidadãos, tanto é que caiu”.
Dessa forma, ele complementou: ““O que teria acontecido se, ao longo de décadas, os Estados Unidos, países ocidentais, tivessem, digamos, transformado a União Soviética não só num deles, não só em um membro totalmente normal da comunidade internacional, mas passasse até a copiar o modelo soviético, onde ninguém no Ocidente dissesse que a União Soviética era uma ditadura, um país repressor, onde ninguém falasse dos campos do Gulag e onde os investimentos soviéticos estivessem presentes nos Estados Unidos, onde as pessoas dissessem que a União Soviética só quer fazer negócios?”.
Ademais, Ernesto Araújo comparou: “O vento de liberdade e de deslegitimação do regime soviético soprou do resto do mundo (...). A China é um país tão totalitário e repressivo quanto era a União Soviética, embora mais sutil (...). A China conseguiu esse processo de se legitimar diante do mundo”.
No Brasil, mais de 2 mil pessoas foram presas em massa a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com a colaboração do Exército brasileiro, sem o menor respeito a direitos humanos ou ao devido processo legal. Centenas dessas pessoas passaram meses a fio presas, e só foram libertadas com “medidas cautelares” excessivas e arbitrárias, muito piores do que as que são aplicadas a pessoas condenadas por crimes graves. Milhares de famílias continuam sofrendo com as restrições a suas liberdades e seus patrimônios. Tudo sob o olhar complacente do Senado Federal.
Enquanto cidadãos comuns ficam sujeitos a medidas abusivas, autoridades do governo Lula envolvidas nos fatos do dia 8 de janeiro seguem livres, leves e soltas. O general G. Dias, por exemplo, era o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, era responsável pela segurança do palácio do Planalto, e foi filmado no interior do palácio, interagindo com os invasores. Até o momento, o general G. Dias não foi preso, não teve seu passaporte apreendido, nem suas contas bloqueadas, nem seus bens ou sua renda apreendidos. Essas “medidas cautelares” são reservadas a conservadores, que podem sofrer qualquer uma, ou várias, delas sem qualquer indício de crime, sem direito à defesa, nem acesso ao devido processo legal. Quando aplicadas a conservadores, as “medidas cautelares” podem perdurar pelo tempo que desejar o senhor ministro que determina sua aplicação, ainda que as pessoas não tenham foro privilegiado e não estejam, portanto, sujeitas à jurisdição das cortes superiores.
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e pessoas que apenas têm um discurso diferente do imposto pelo cartel midiático vêm sendo perseguidos, em especial pelo Judiciário. Além dos inquéritos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, também o ex-corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Felipe Salomão, criou seu próprio inquérito administrativo, e ordenou o confisco da renda de sites e canais conservadores, como a Folha Política. Toda a receita de mais de 30 meses do nosso trabalho está bloqueada por ordem do TSE, com aplauso dos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Edson Fachin.
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