Durante sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado que ouvia o diretor de Polícia Administrativa da Polícia Federal (PF), Rodrigo de Melo Teixeira, enviado para substituir o diretor-geral da Polícia Federal, que não compareceu, o senador Jorge Seif Jr demonstrou que a detenção do jornalista português Sérgio Tavares teve motivação política.
O senador iniciou lamentando que a polícia federal tenha se reduzido ao papel de investigar suposta ‘importunação de baleia’, ‘cartão de vacina’, entre outros. O senador apontou que um país que detém jornalistas por suas opiniões não pode ser considerado uma democracia, e questionou por que Sérgio Tavares constava das “listas de alerta” da polícia federal.
Jorge Seif Jr. questionou se Tavares constava das listas de pessoas que o diretor da PF havia mencionado e explicou: “o senhor apontou que “dados abertos” do jornalista mostram posicionamentos dele. (...) Essa fala do senhor me preocupou”. O senador explicou que a narrativa de “golpe de estado” não teve sucesso, já tendo sido negada por figuras como o ministro do STF Gilmar Mendes, o ministro de Lula, José Múcio, o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello, e o ex-ministro de Lula Aldo Rebelo. Seif disse: “todos esses já se manifestaram que não houve golpe, que há uma narrativa”.
O senador expôs: “quando fala em “atos golpistas”, o senhor me mostra que tem um posicionamento político que lhe é vedado”. Ele lembrou que há um inquérito em andamento, que não está concluído, e explicou que o diretor não poderia ter mostrado seu viés político sobre o caso. O senador também questionou por que o jornalista era monitorado se não havia nenhum inquérito ou processo contra ele, ao que o diretor respondeu que a polícia o questionou por suas manifestações nas redes sociais. O diretor afirmou entender que não se tratavam de perguntas políticas e sim migratórias.
Jorge Seif Jr. questionou os motivos da retenção do jornalista português, apontando que os registros do depoimento mostram perguntas de natureza exclusivamente política. Ele disse: “foram perguntas políticas que são inaceitáveis”. O diretor da PF alegou que as perguntas não tinham sido políticas, dizendo: “não tem nenhuma pergunta político-partidária”. O senador rebateu lendo o termo de depoimento, que mostrava perguntas claramente políticas. Ele mencionou: “a nossa polícia perguntou para ele sobre a afirmação de que o Brasil vive uma ditadura do Judiciário”. Seif perguntou: “o senhor acha que essa pergunta é de controle migratório ou de posicionamento político-ideológico?”. O diretor respondeu que a pergunta não seria político-ideológica porque “casava” com outra pergunta, de natureza política.
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