O senador Marcos Rogério, da tribuna, alertou sobre os avanços da “reforma tributária” proposta por Lula e lembrou o papel da oposição para proteger os cidadãos da sanha arrecadatória do governo.
O senador iniciou rebatendo os parlamentares de esquerda que haviam comemorado uma suposta vitória da esquerda nas eleições francesas. Marcos Rogério disse: “a esquerda comemora, como se o resultado fosse uma conquista da sua corrente política”. O senador explicou que foi a direita que obteve a maioria dos votos, confirmando a tendência mundial, e que a extrema-esquerda, embora tenha tido uma vitória, não conseguiu a maioria absoluta no parlamento, e terá que sentar para negociar.
O senador comparou com o Brasil, lembrando: “A construção de um projeto nacional envolve o diálogo e o entendimento do que é melhor para o país, para todos, e não somente para uma parcela da população”. Ele lembrou que, na negociação, não se deve abrir mão de suas convicções, dizendo: “nada pode ser negociado em nome de abrir mão dos valores que são caros à sociedade brasileira”.
Marcos Rogério disse: “O Brasil viveu, no passado, um dualismo político. Eu não vou dizer antagonismo, porque hoje sim, nós vemos um antagonismo, direita e esquerda, num movimento pendular na política nacional. No passado, nós tivemos, no Brasil, governos que se diziam de direita sem nunca terem sido de direita. Eu votei – e aí faço confissão de corpo presente – no PSDB muitas vezes, imaginando que o PSDB fosse um partido de direita. Hoje, sabe-se que... Aliás, a composição presidencial atual é uma composição PSDB-PT. "Ah, mas ele não estava no PSDB, ele foi para o PSD." Você não separa uma pessoa de suas convicções. É impossível”.
O senador ponderou que o diálogo é necessário e disse: “mas é preciso ter a compreensão de que valores, princípios, não se negociam, não se abre mão deles, por mais nobre que seja o apelo ou o movimento que esteja no balcão do jogo natural da política”.
Marcos Rogério prosseguiu: “No Brasil, apesar de uma política também polarizada, atuamos neste Parlamento em busca de um consenso mínimo – de um consenso mínimo. Nós somos oposição ao Governo, mas nós não somos oposição ao Brasil. Nós defendemos o interesse nacional”.
O senador explicou que a Câmara aprovou, na base do “tratoraço”, uma lei que regulamenta a “reforma tributária” de Lula, e alertou: “É um tema sensível, é um tema que vai impactar a vida dos brasileiros. Nós temos que ter a responsabilidade de discutir esse tema com cautela, com o tempo necessário para amadurecer a compreensão daquilo que está dentro dessa proposta. E me preocupou bastante, eu já confesso aqui, a maneira como o tema foi colocado no debate na Casa primeira e a maneira como foi aprovada essa matéria. Repito: é um tema que vai impactar a vida dos brasileiros. Nós temos que discutir, acima de tudo, com responsabilidade, com respeito a todos os atores, os agentes envolvidos. É preciso ouvir os Governadores, é preciso ouvir os Prefeitos, é preciso ouvir o setor produtivo, ouvir o comércio, ouvir a indústria, ouvir quem paga a conta, sabe? Em muitos dos debates que acontecem aqui, fala-se de todos, discute-se com todos, mas o que paga a conta não é chamado à mesa para discutir”.
O senador afirmou: “Então, o papel da oposição é um papel central, porque, enquanto governos às vezes pensam mais em arrecadar, e especialmente um governo de esquerda como nós temos no Brasil – e Lula disse isto taxativamente: "É, a gente tem que discutir se a questão é cortar gastos, ou se a questão é arrecadar mais"... Ou seja, a visão de um governo de esquerda é uma visão de que o Estado sempre precisa de mais. E, quando precisa de mais e não tem, tem que tirar das costas do trabalhador, do setor de serviços, do comércio, da indústria e do tão sofrido setor produtivo. Eu nunca vi um ambiente tão hostil para o setor produtivo como o ambiente que nós estamos vivendo hoje. Parece que o Governo adotou o agronegócio, de modo especial, como o grande inimigo da República”.
Marcos Rogério afirmou: “não esperem de nós da Oposição referendar automaticamente o que vem do Governo. Esse não é o papel da Oposição, esse não é o papel de quem está no Parlamento na Oposição e com a responsabilidade que repousa sobre os ombros de quem faz oposição. Não teremos essa postura jamais, mas, onde houver espaço para construir, a Oposição está à disposição para construir. O contrário disso é sabotar o Brasil, esse não é o nosso papel, e, principalmente, sabotar aqueles que mais precisam, porque, às vezes, a pauta do Governo vai numa direção, prega uma coisa, mas o resultado final vai castigar ainda mais as pessoas, os menos favorecidos. Então, o papel da Oposição é defender o Brasil e não deixar o PT quebrar o Brasil de novo”.