Durante o programa Código-Fonte, o embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores, comentou as tentativas de setores da extrema-esquerda de classificar o ditador Nicolás Maduro como se ele pertencesse ao espectro ideológico da direita. Araújo apontou que, ao mesmo tempo em que o PT faz uma nota manifestando apoio incondicional ao ditador e à fraude eleitoral que ele perpetrou, outros setores lançam a narrativa de “ditador de extrema-direita”. Ele explicou que se trata de uma estratégia de “bifurcação e convergência, bifurcação na aparência e convergência na prática. Isso é que explica essa aparente divergência entre uma posição do PT e a posição da mídia. No fundo, são parte do mesmo projeto”.
Ernesto Araújo lembrou que, já em 2021, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, havia declarado que Nicolás Maduro seria um tirano “de direita”. O diplomata explicou: “eu recordava que o atual presidente do STF, em 2021, declarou que Maduro era um tirano de direita. Declarou que Maduro era um tirano de direita (...) já antecipando essa estratégia de bifurcação que existia na ocasião. Existe, na verdade, desde 1917 (...) O comunismo sempre foi isso. (...) O atual presidente do STF fez essa declaração e já deu o tom para essa narrativa, agora, de que o Maduro é de direita, e não surpreendeu tanto essa narrativa quanto chegou nesses últimos dias. Nada nesse pessoal é espontâneo, nada é inventado, tudo faz parte de uma programação, de uma estratégia para enganar o maior número de pessoas possível”.
O embaixador alertou: “Agora, quando você cai dentro do atual sistema de justiça brasileiro, isso é mais grave ainda. Então você está dizendo: a justiça brasileira hoje, ela só age contra quem ela classifica como extrema-direita. A justiça é totalmente politizada. Ela só pode agir contra alguém que seja caracterizado como de extrema-direita, seja uma ação efetiva, seja uma ação puramente verbal”. Ponderando que nenhuma ação efetiva será tomada contra Maduro, Araújo apontou que, nas entrelinhas, o que está sendo dito é que, mesmo que apenas verbalmente, jamais agiriam contra alguém considerado de esquerda. Araújo disse que, até para apontar a tirania, “eles precisam tirar o Maduro do campo da esquerda”.
Araújo explicou: “E por quê? Porque eles não têm nenhum senso de justiça. Eles não estão vendo as injustiças cometidas pelo Maduro. Não. Eles querem que essas injustiças que as pessoas estão percebendo, que não dá mais para esconder, sejam jogadas no campo da direita. Eles não querem combater essas injustiças. Se quisessem, combateriam injustiças sem ter que se preocupar em saber se Maduro é de direita ou de esquerda, mesmo reconhecendo que é, obviamente, da esquerda, por qualquer critério minimamente responsável. Não estão preocupados com as injustiças do Maduro. Estão preocupados com quem vai ficar com a conta dessas injustiças. Então, vendo que essa conta é alta, que está muito difícil de varrer essa conta para baixo do tapete, então o que eles vão fazer? Combater as injustiças? Não, vão jogar as injustiças para dentro do campo da direita”.
O embaixador resumiu: “E então, em termos de imagem, ‘Maduro é de direita’, agora, tudo o que o Maduro faz, a repressão cai, portanto, na conta da direita do extremismo de direita. Na prática, vão fazer alguma coisa? Não. Na prática, está lá Lula querendo intermediar o que? Intermediar a permanência do Maduro no poder de uma maneira que não dê lugar a sanções, que não dê lugar a nenhum tipo de pressão nos países democráticos”.
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