A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, divulgou um texto assinado por ela e pelo presidente eleito Edmundo Gonzalez, dirigido às forças de segurança, militares e civis, e aos cidadãos venezuelanos, no que chamou de “esta hora decisiva para o futuro da República”. No texto, a oposição à ditadura de Maduro conclama os militares, em especial, a cumprirem as leis e tratados internacionais, abstendo-se de usar a violência contra os cidadãos.
Ouça o texto divulgado por María Corina Machado:
Venezuelanos, cidadãos militares e funcionários policiais,
A Venezuela e o mundo inteiro sabem que, nas eleições do último dia 28 de julho, nossa vitória foi avassaladora. Desde o mais humilde cidadão, testemunha, membro de mesa, oficial das Forças Armadas, policial, até os organismos internacionais e governos, todos sabem disso. Com as atas em mãos, o planeta viu e reconheceu o triunfo das forças democráticas.
Fizemos a nossa parte. Realizamos a mais formidável mobilização cívica para que a vitória eleitoral fosse inquestionável. É um triunfo obtido com enorme energia e firmeza, e o fizemos pacificamente. Obtivemos 67% dos votos, enquanto Nicolás Maduro conseguiu 30%. Essa é a expressão da vontade popular. Ganhamos em todos os estados do país e na quase totalidade dos municípios. Todos os cidadãos, incluindo os membros do Plano República, são testemunhas dessa realidade.
No entanto, Maduro se recusa a reconhecer que foi derrotado por todo o país e, diante do protesto legítimo, lançou uma brutal ofensiva contra dirigentes democráticos, testemunhas, membros de mesa e até contra o cidadão comum, com o propósito absurdo de querer ocultar a verdade e, ao mesmo tempo, pretender encurralar os vencedores.
Fazemos um chamado à consciência de militares e policiais para que fiquem ao lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa massiva violação dos direitos humanos, o alto comando se alinha com Maduro e seus vis interesses. Enquanto vocês estão representados por esse povo que saiu para votar, por seus companheiros das Forças Armadas Nacionais, por seus familiares e amigos, cuja vontade foi expressa no dia 28 de julho e vocês conhecem.
Estamos conscientes de que em todos os componentes das Forças Armadas Nacionais está presente a decisão de não reprimir os cidadãos que pacificamente reivindicam seus direitos e sua vitória. Os venezuelanos não são inimigos das Forças Armadas Nacionais. Com essa disposição, convocamos vocês a impedir as ações de grupos organizados pela cúpula madurista, uma combinação de esquadrões militares e policiais e grupos armados à margem do Estado, que agridem, torturam e também assassinam, sob o amparo do poder maligno que representam. Vocês podem e devem parar essas ações imediatamente. Pedimos que impeçam o descontrole do regime contra o povo e que respeitem, e façam respeitar, os resultados das eleições de 28 de julho. Maduro deu um golpe de Estado que contraria toda a ordem constitucional e quer torná-los cúmplices.
Vocês sabem que temos as provas irrefutáveis da vitória. O relatório do Centro Carter é demolidor sobre as condições e o resultado eleitoral, enquanto Maduro tenta fabricar uns resultados quando, além disso, o prazo legal para a publicação dos mesmos já venceu.
Membros das Forças Armadas e dos corpos policiais, cumpram seus deveres institucionais, não reprimam o povo, acompanhem-no.
Da mesma forma, pedimos a todos os venezuelanos que têm mães, pais, filhos, irmãos, parceiros que são membros das Forças Armadas Nacionais ou funcionários policiais, que exijam deles que não reprimam, que desconsiderem ordens ilegais e que reconheçam a Soberania Popular, expressa nos votos de domingo, 28 de julho.
O novo governo da República, eleito democraticamente pelo povo venezuelano, oferece garantias àqueles que cumprirem seu dever constitucional. Da mesma forma, destaca que não haverá impunidade. Este é um compromisso que assumimos com cada um dos venezuelanos.
Nós ganhamos esta eleição sem sombra de dúvida. Foi uma avalanche eleitoral, cheia de energia e com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a todos nós fazer respeitar a voz do povo. Procede, de imediato, a proclamação de Edmundo González Urrutía como presidente eleito da República.
Caracas, 5 de agosto de 2024
Edmundo González Urrutía
Presidente Eleito da Venezuela
María Corina Machado
Líder das forças democráticas da Venezuela
O embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, explicou:
“Em mensagem divulgada há pouco, Maria Corina Machado pede que se proclame imediatamente a Edmundo Gonzalez como Presidente Eleito da Venezuela, em função dos resultados eleitorais irrefutáveis, e afirma que Maduro promoveu um golpe de Estado. Maria Corina fala já em nome do “novo governo da República, eleito democraticamente”, ao oferecer garantias aos membros das FFAA que se recusarem a reprimir o povo, enquanto assevera que não haverá impunidade.
É um posicionamento importantíssimo, firme e inequívoco. Indica o caminho da única solução justa e democrática para a situação: a aceitação da vitória oposicionista nas eleições e a passagem do poder ao novo governo eleito. Parece com isso rechaçar a ideia de uma anulação do pleito e convocação de novas eleições em dezembro, caminho que os maduristas e seus comparsas como Lula, Petro e Lopez Obrador estariam construindo como uma solução aparentemente “equilibrada”, mas que na prática apenas daria tempo a Maduro para aprofundar a repressão e criar um novo sistema de fraude eleitoral, bem como lhe abriria espaço de manobra para adiar indefinidamente essa nova eleição sob qualquer pretexto.
Qualquer acordo será quebrado por Maduro. Se ele se comprometer a realizar novas eleições limpas, das duas uma: ou não serão limpas ou não haverá eleições”.
A ex-chanceler da Colômbia, Marta Lucía Ramírez, apontou: “estes são a liderança, a clareza e a integridade que merecem a Venezuela, a Colômbia, o Brasil, o México e toda a América Latina. Que parem de adiar e procrastinar uma solução, porque levariam a Venezuela ao mesmo lugar de Nicarágua e Cuba”.
María Corina Machado também divulgou um comunicado conjunto dos governos da Itália, França, Alemanha, Países Baixos, Espanha, Polônia e Portugal, em que os países demandam que os direitos humanos sejam respeitados na Venezuela. O comunicado afirma: “os direitos dos venezuelanos, especialmente dos líderes políticos, devem ser respeitados durante este processo. Nós condenamos veementemente quaisquer prisões ou ameaças contra eles. O desejo do povo venezuelano, assim como seu direito de protestar pacificamente, e sua liberdade de associação, têm que ser respeitados”.
María Corina Machado disse:
“Em nome dos venezuelanos, agradeço por este importante comunicado conjunto dos governos de Itália, França, Alemanha, Países Baixos, Espanha, Polônia e Portugal, reafirmando seu compromisso com a democracia na Venezuela.
Os dados que apresentamos aos venezuelanos e ao mundo, com as atas das nossas testemunhas em mais de 80% das mesas eleitorais, disponíveis em https://resultadosconvzla.com, não dão margem a dúvidas. Edmundo González Urrutia é o presidente eleito da Venezuela.
Nesse sentido, apoiamos a exigência de que se faça, o quanto antes, uma auditoria internacional e independente das atas que apresentamos, considerando que o regime não o fez no prazo legal.
Outrossim, agradecemos pelo apelo a que cessem a perseguição e a repressão que, nas últimas horas, foram impostas cruelmente a inocentes que somente estão exigindo que se respeite a soberania popular que exerceram no último domingo.
Contamos com o mundo democrático para avançar nessa transição que já se iniciou”.
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