O jornalista Glenn Greenwald afirmou, pelas redes sociais, que teve acesso a mais de 6 GB de mensagens trocadas por assessores diretos do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Superior Eleitoral. O jornalista apresentou uma primeira reportagem, assinada em conjunto com Fábio Serapião, afirmando que haverá “uma série de matérias produzidas com base em conversas entre assessores mais próximos de Moraes — incluindo áudios, textos e documentos — documentando o que realmente aconteceu dentro do STF e do TSE em alguns de seus atos mais polêmicos”.
Na primeira matéria, os jornalistas mostram diálogos entre integrantes da equipe de Moraes, que mostram que o ministro ordenava a produção de supostos relatórios para justificar as ações que gostaria de tomar contra seus adversários políticos. Não apenas os relatórios eram produzidos a pedido do ministro, mas havia ainda um esforço para falsificar a origem dos pedidos, atribuindo a supostas “denúncias” o suposto trabalho dos órgãos do Tribunal Superior Eleitoral que criavam as justificativas para a imposição de medidas ilegais contra os alvos do ministro.
Há ainda uma aberta promiscuidade entre o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral, misturando inquéritos ao bel-prazer do ministro. Em um trecho da matéria, os jornalistas afirmam: “O conjunto de diálogos mostra ao menos duas dezenas de casos em que o gabinete de Moraes no STF solicita de maneira extraoficial a produção de relatórios pelo TSE. Ao menos parte desses documentos foi usada pelo ministro para embasar medidas criminais contra bolsonaristas, como cancelamento de passaportes, bloqueio de redes sociais e intimações para depoimento à Polícia Federal”.
As mensagens revelam ainda a atuação pessoal do ministro exigindo que sejam produzidos documentos que justifiquem sua perseguição. Em um trecho, a matéria cita: “Em alguns momentos das conversas, assessores relataram irritação de Moraes com a demora no atendimento às suas ordens. "Vocês querem que eu faça o laudo?", consta em uma das reproduções de falas do ministro. "Ele cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia", comentou um dos assessores. "Ele tá bravo agora", disse outro”.
Ao descrever ações do ministro contra o jornalista Rodrigo Constantino, o artigo descreve o modus operandi da equipe, com a simulação de pedidos para atuação do órgão do TSE, “correção” dos relatórios para incluir elementos que o ministro considerava prejudiciais ao alvo, e utilização do relatório em inquérito ilegal em outro tribunal: “Dias depois dessa conversa, em 1º de janeiro de 2023, Airton Vieira manda para Tagliaferro cópia de duas decisões sigilosas de Moraes tomadas dentro do inquérito das fake news produzidas com base no relatório enviado de maneira supostamente espontânea. "Trata-se de um ofício encaminhado pela Assessoria Especial de Desinformação Núcleo de Inteligência do Tribunal Superior Eleitoral", diz o início da decisão, sem citar que o material havia sido encomendado em seu nome pelo auxiliar em uma conversa via WhatsApp”.
A matéria descreve:
“Naquele dia, às 22h49, Airton Vieira manda o print de uma conversa com Moraes em um grupo do WhatsApp chamado Inquéritos.
A mensagem mostra o ministro enviando postagens de Constantino, uma delas questionando o fato de o partido de Bolsonaro, o PL, não ter feito um questionamento ao TSE —não fica claro sobre qual tema.
"Peça para o Eduardo analisar as mensagens desse [Constantino] para vermos se dá para bloquear e prever multa", diz a mensagem de Moraes, cujos prints foram enviados a Eduardo Tagliaferro. "Já recebi" e "Está para derrubada", responde o assessor do TSE em duas mensagens.
Após pedir para Tagliaferro produzir um relatório "como de praxe", Airton Vieira e o assessor do TSE discutem sobre se as decisões seriam pelo STF ou pelo TSE.
Em um primeiro momento, Airton Vieira diz que o bloqueio seria dado pelo TSE e a multa pelo STF. Em poucos minutos, no entanto, ele informa que tudo será pelo STF e pede para Tagliaferro caprichar.
"Eduardo, bloqueio e multa pelo STF (Rodrigo Constantino). Capriche no relatório, por favor. Rsrsrs. Aí, com ofício, via e-mail. Obrigado", afirma.
Já na madrugada do dia 23, à 1h06, Tagliaferro envia o relatório atribuindo a informações recebidas de parceiros do setor de combate à desinformação.
"Através de nosso sistema de alertas e monitoramentos realizados por parceiros deste Tribunal, recebemos informações de frequentes postagens realizadas pelo perfil @Rconstantino, esse em uso na plataforma Twitter, no qual informam existir diversas postagens ofensivas contra as instituições, Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral", diz o documento”.
As mensagens citadas mostram ainda a consciência do mau uso da instituição e a busca de meios para ocultar suas ações: “Tagliaferro então fala da sua apreensão com o modelo de envio de relatórios por meio do TSE a pedido de Airton Vieira. "Temos que tomar cuidado com essas coisas saindo pelo TSE. É seu nome", diz ele. Em seguida, chega a sugerir um possível caminho para "aliviar isso". "Nem que crie um e-mail para enviar para nós uma denúncia."”
Da tribuna, o deputado Marcel Van Hattem anunciou: “caiu a casa do Alexandre de Moraes”. O deputado exigiu a instalação da CPI dos Abusos de Autoridade do STF e do TSE, lembrando que já denunciou os “capangas” do ministro Alexandre de Moraes. O deputado afirmou: “Alexandre de Moraes vai pagar pelos seus crimes”. Ao divulgar o vídeo, o deputado descreveu: “Escândalo: finalmente REVELADO modus operandi de um criminoso esquema de perseguição política cruel, liderado pelo ditador Alexandre de Moraes. Glenn Greenwald tem 6gb de conversas comprometedoras entre assessores do Ministro!”
Há mais de cinco anos, o ministro Alexandre de Moraes conduz, em segredo de justiça, inquéritos políticos direcionados a seus adversários políticos. Em uma espécie de “parceria” com a velha imprensa, “matérias”, “reportagens” e “relatórios” são admitidos como provas, sem questionamento, substituindo a ação do Ministério Público e substituindo os próprios fatos, e servem como base para medidas abusivas, que incluem prisões políticas, buscas e apreensões, bloqueio de contas, censura de veículos de imprensa, censura de cidadãos e parlamentares, bloqueio de redes sociais, prisões em massa, confiscos, entre muitas outras medidas cautelares inventadas pelo ministro. Há mais de cinco anos, o Senado brasileiro assiste a tudo isso e se omite.
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