O ex-deputado Homero Marchese, perseguido político do ministro Alexandre de Moraes, expôs algumas lições a serem aprendidas com a revelação de mensagens dos ajudantes do ministro, que comprovam que o ministro e sua equipe agiram de foram ilegal para promover a perseguição de adversários políticos. O caso de Marchese foi exposto nas reportagens do jornalista Glenn Greenwald, que teve acesso ao celular de um dos ajudantes de Moraes, e as mensagens mostraram que houve uma falsificação de relatórios para atribuir ao ex-deputado uma postagem que não foi feita por ele, e então incutir uma “intenção” inexistente, o que justificou a censura dos perfis do deputado, censura essa que foi mantida por meses sem qualquer justificativa.
Homero Marchese ironizou as reações de parte da velha imprensa, que parece ter finalmente descoberto os abusos do ministro apenas após as revelações de Greenwald. Ele disse: “Essa foi a semana da perda da inocência no Brasil pra muita gente. Foi a semana em que muita gente acordou de um sono profundo para se preocupar, enfim, com o que acontece no Supremo Tribunal Federal”.
O ex-deputado expôs os motivos pelos quais muitas pessoas só se deram conta dos abusos agora. Ele disse: “eu fiquei me perguntando por que demorou tanto tempo para muitas pessoas prestarem atenção no que acontecia. Afinal de contas, o inquérito das fake news tem mais de cinco anos - o que, aliás, é um absurdo por si próprio. E aí eu cheguei a algumas conclusões. Em primeiro lugar, havia o interesse de muita gente em ver os seus adversários perseguidos. Naquela lógica de que o inimigo do meu inimigo é meu amigo, muita gente, portanto, além desse interesse, tinha o desinteresse em apurar ou ir atrás das denúncias que eram feitas sobre as arbitrariedades. Afinal de contas, quem estava denunciando não era alguém que a pessoa gostava”.
Marchese explicou ainda que Moraes comete suas arbitrariedades sem qualquer resistência das instituições responsáveis, como o Senado. Ele explicou: “Foram testando os limites, não receberam resistência nem do Congresso Nacional, nem do Ministério Público Federal, nem da sociedade civil e, portanto, se sentiram cada vez mais à vontade para adotar todas as medidas necessárias que eles queriam para perseguir aqueles que eles queriam perseguir”.
O ex-deputado esclareceu ainda que o ministro Alexandre de Moraes utilizou uma narrativa, acusando seus adversários do que ele próprio fazia. Marchese disse: “Na verdade que você está percebendo agora, a narrativa empregada pelo STF era, na verdade, a ação que o STF adotava. Porque quem tinha gabinete do ódio, por exemplo, senão o próprio ministro Alexandre Moraes, que combinava com os seus acólitos como perseguir de forma mais eficiente os seus alvos? Quem é que tinha uma ‘Abin paralela’, senão o ministro Alexandre de Moraes com aquele órgão no TSE, que funcionava como uma verdadeira espionagem da internet brasileira? Quem é que tentava abolir o Estado de direito, agindo sem nenhuma imparcialidade, desrespeitando qualquer limite legal, num exercício puro e simples da força, que não eles mesmo?”.
Homero Marchese apontou que a reação do ministro às revelações indica que ele não pretende diminuir em nada seus abusos de poder. O ex-deputado disse: “Ora, Alexandre: quem está desestabilizando as instituições republicanas no Brasil é o senhor e o STF, que estão utilizando há muito tempo uma estrutura pública para perseguir desafetos. Estão se valendo do poder estatal para agir com vingança. Ninguém está querendo fechar o STF coisa nenhuma. As pessoas querem que o senhor saia de lá. Porque o senhor não é digno do cargo que ocupa. O senhor não aplica a Constituição!”
Marchese afirmou: “E agora eu espero que a grande imprensa esteja percebendo o risco que é ter alguém como o Alexandre de Moraes com os poderes que tem no Brasil. Eu espero que muita gente esteja percebendo que o alvo pode ser elas próprias. Depois de comemorarem o infortúnio dos outros, pode ser que elas próprias paguem por isso no futuro”.
O ex-deputado concluiu com um alerta: “Essa semana encerra um capítulo importantíssimo da história contemporânea brasileira e ensina lições valiosíssimas para as pessoas, inclusive para jornalistas e para as nossas autoridades. Quais lições? A de que é preciso ter decência para defender o que é certo, independentemente da conveniência. Que é preciso ter independência de pensamento, mesmo que a pessoa esteja num meio em que todo mundo reme para outra direção. E terceiro, que é preciso ter a coragem de cumprir a missão, porque a flecha da omissão e da covardia normalmente volta para quem a atirou”.
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