O Comissário da Agência Federal de Comunicações dos Estados Unidos (Federal Communications Commission, FCC) enviou um ofício ao presidente da ANATEL, requisitando uma reunião para discutir a obediência servil da ANATEL às ordens ilegais do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. No ofício, o Comissário da FCC expõe que as ações de Moraes são ilegais e partidárias, e manifesta surpresa por ver que a ANATEL está se sujeitando a obedecer a ordens inconstitucionais. Ele alerta que o Brasil está a ponto de se tornar um local onde não se pode investir.
Ouça o texto do ofício enviado ao presidente da ANATEL:
Prezado presidente da ANATEL, Carlos Manuel Baigorri
A FCC e a ANATEL, principais agências reguladoras nos EUA e no Brasil, têm um longo relacionamento - construído sobre a reciprocidade, o respeito ao estado de direito, e nosso status compartilhado de agências independentes, criadas por lei, para operar sem influências indevidas dos ramos político-partidários de nossos governos. Os setores que nós regulamos, cada um em seu país, se beneficiam de uma parceria contínua, que é baseada nesses princípios fundamentais. Aliás, o senhor recentemente assinou um Memorando de Entendimentos com a presidente da FCC, que formalizou ainda mais a relação entre a FCC e a ANATEL.
Não obstante, sou obrigado a me dirigir ao senhor para tratar da avalanche de ações aparentemente ilegais, e partidárias, que sua agência vem realizando contra empresas que têm laços com os Estados Unidos, inclusive a sua ameaça de cassar as licenças e autorizações da Starlink para operar no Brasil.
Essas ações punitivas - que receberam o apoio público do governo Lula - já estão reverberando amplamente e abalando a confiança na estabilidade e na previsibilidade dos mercados regulados brasileiros. Na verdade, as lideranças empresariais americanas estão agora mesmo questionando se o Brasil está se tornando um mercado onde não é possível investir.
Sob a sua liderança, a ANATEL está, neste momento, aplicando uma decisão amplamente criticada do ministro Alexandre de Moraes para censurar a plataforma X, o que, de acordo com agentes governamentais do Brasil, viola a própria Constituição brasileira, além das vedações estatutárias brasileiras contra a censura governamental. Para piorar, o ministro Moraes decidiu impor sua decisão bloqueando os bens da Starlink - muito embora a Starlink seja uma empresa separada, com acionistas diferentes, e que não violou nenhuma lei.
Ao fazer isso, o ministro Alexandre de Moraes desrespeitou princípios básicos e universais de transparência, citação, e devido processo legal. Na verdade, foi recentemente revelado que o ministro Alexandre de Moraes vem enviando ordens secretas às plataformas de redes sociais, para censurar as postagens políticas de parlamentares legitimamente eleitos do Congresso brasileiro. “Se isso soa autoritário, é”, escreveu o Washington Post esta semana sobre a campanha de censura do ministro Moraes.
Prosseguindo, o Washington Post declarou que as ações recentes do Brasil vêm com “um custo substancial em liberdade de expressão - com ordens de remoção e até mesmo mandados de prisão emitidos em sigilo e com pouca ou nenhuma justificativa jurídica”. “Os brasileiros não deveriam ter que aceitar que o governo suprima pontos de vista políticos”, conclui o Washington Post.
Embora as ações do ministro Alexandre de Moraes reproduzam a repressão à liberdade de expressão que vem ocorrendo em todo o mundo, não estou escrevendo para o senhor hoje com base em uma preocupação genérica sobre a liberdade de expressão - embora eu acredite fortemente que reguladores de comunicações, como nós, devam se opor a essa tendência de censura. Também não estou argumentando que essas ações do governo brasileiro violam leis americanas sobre a liberdade de expressão. Como um país soberano, o Brasil tem suas próprias leis e jurisprudência. Mas, de acordo com autoridades governamentais e jurídicas brasileiras, o Brasil está, atualmente, violando suas próprias leis, através de ações arbitrárias e voluntariosas contra o X e a Starlink. Na verdade, a decisão do ministro Moraes viola frontalmente a própria Constituição brasileira, que veda expressamente “toda e qualquer forma de censura de natureza política, ideológica e artística”, além de outras previsões legais brasileiras que garantem a liberdade de expressão.
As ações sérias e aparentemente ilegais contra o X e a Starlink não podem ser encaixadas nos princípios da reciprocidade, estado de direito, e independência que servem como a base da relação entre a FCC e a ANATEL, assim como a base para o investimento estrangeiro recíproco.
Sendo assim, estou requisitando um encontro com o senhor para tratar e resolver essas questões. Se o senhor preferir, irei ao Brasil para isso.
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