O jurista Ives Gandra Martins, em vídeos publicados pelas redes sociais, analisou a crescente pressão pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes e ponderou que a Suprema Corte poderia diminuir o desgaste de sua imagem caso se adiantasse e promovesse, ela própria, uma anistia para os presos políticos do ministro Alexandre de Moraes.
Ives Gandra Martins apontou a quantidade de apoios ao pedido de impeachment de Moraes e disse: “era o caso do Supremo tomar a iniciativa primeiro, e rever o problema das condenações do 8 de janeiro”. Ele explicou que, se uma anistia for aprovada, o crédito será do Congresso, e ponderou que, se essa iniciativa viesse do próprio Supremo Tribunal Federal, poderia haver uma “distensão das relações entre o Supremo e o Congresso”.
O jurista disse: “de 81 senadores, 35 senadores pretenderem o afastamento de um ministro da Suprema Corte é algo muito grave. Eu nunca vi. Eu estou com 89 anos. Nunca houve isso na história do Brasil, na história do Supremo, na história da nossa política. Tantas adesões. O presidente Rodrigo Pacheco fica em uma posição bem desconfortável. Aliado que ele é do presidente Lula, querendo mostrar ao presidente Lula que o presidente do Senado é um homem favorável ao Executivo… Ele tem o direito de pôr ou não pôr e, se ele não puser, vai ficar muito mal perante a opinião pública; e, se puser, vai ser muito ruim para o Supremo Tribunal Federal”.
Ives Gandra Martins sugeriu que a distensão começasse pelo Supremo Tribunal Federal, admitindo: “toda essa crise que nós estamos vivendo, a origem está no Supremo, está nesse interminável inquérito das Fake News. Isso é que foi provocando uma reação da sociedade”. Ele acrescentou: “o certo é que é o momento de uma reflexão. Querer manter essa tensão com esse crescendo da reação popular…”
O jurista ponderou: “por mais que o Supremo e o Executivo estejam hoje muito unidos - e o churrasco que Lula ofereceu para muitos deles no 7 de Setembro demonstra a união - mas a própria avenida vazia de Brasília, em que o presidente desfilou para ninguém demonstra que o povo brasileiro não está, hoje, satisfeito”.
Ives Gandra Martins sugeriu que a anistia parta do Supremo, dizendo: “evidente que essa iniciativa, se viesse do Supremo, seria uma distensão monumental”.
O professor lembrou: “eu sei o que é um concurso de juiz. Tinha pena dos candidatos que tinham que passar por diversas provas. E nós sabemos que, no sistema brasileiro, para ser ministro do Supremo, o que se tem que fazer é campanha política perante um único homem, o presidente da República. Então, em nome do poder Judiciário, em nome da distensão, em nome da imagem que o Supremo sempre teve no Brasil, não é o caso da iniciativa não ficar para o Congresso Nacional?”
Ives Gandra Martins afirmou: “estamos vendo adesões crescentes a esse pedido. E eu tenho a impressão de que haverá um momento em que ficará difícil para o presidente do Senado Federal segurar. Por isso, antes que tenhamos, efetivamente, uma pressão crescente - que será cada vez mais crescente - o ideal seria que os eminentes ministros da Suprema Corte tomassem a iniciativa para a distensão no Brasil e comecem a revisão desses processos dessas pessoas”
Em outro vídeo, o jurista explicou como, aos 89 anos, não consegue explicar para o cidadão comum por que o Judiciário brasileiro aplica processos e penas diferentes conforme a orientação política das pessoas. Ao divulgar o vídeo, Ives Gandra Martins disse: “Como explicar que, segundo confissões feitas de corrupção e pagamentos indenizatórios de acordos de leniência, estejam estes sendo anulados pela Suprema Corte e os confessores autorizados a ficar com o produto das corrupções confessadas, e pessoas desarmadas que, à semelhança do que aconteceu com destruições do Congresso Nacional por pessoas do MST e do PT no governo Michel Temer à época perdoadas pelo Presidente, hoje estão cumprindo penas de dezessete anos por terem destruído também dependências de prédios públicos, mas considerados golpistas por decisão da Suprema Corte?”.
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