quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Novo senador relata ameaça ouvida nos corredores do Senado e se junta à defesa do impeachment de Moraes: ‘que a lei realmente valha para todos’


O senador Beto Martins, durante sessão do plenário, manifestou sua solidariedade ao senador Marcos do Val, que está morando nos corredores do Senado após ter suas contas bloqueadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Beto Martins relatou: “eu queria trocar o foco do meu discurso hoje, que era para falar sobre logística, para me solidarizar aqui com o Senador Marcos do Val. Eu queria dizer, Senador, que hoje, quando colocaram no grupo aquele extrato, em que o senhor está devedor no Banco do Brasil em R$49,992 milhões, eu achei que fosse uma brincadeira; eu achei que tivesse sido uma montagem. E, quando eu vejo que isso é sério, Senador Girão, isso é trágico – isso é trágico!”.

O senador relatou que, na véspera, testemunhou uma “conversa” entre o senador Eduardo Girão e um senador defensor de Alexandre de Moraes, e contou: “isso pode até ter sido uma brincadeira, mas aquilo não soou como brincadeira para mim. O senhor fez um discurso caloroso em defesa da liberdade; o senhor fez um discurso caloroso em defesa de que este país tenha uma lei que valha para todos, e não para os eleitos – eleitos por um só! O senhor representou ali – eu tenho certeza do que pensa, majoritariamente, a maioria da população brasileira – a dor de muita gente que ainda acredita que este país possa ser mais justo, que ainda acredita que, se não foi para a nossa geração, que seja para as próximas. E, quando o senhor saiu com um outro Senador, de quem evidentemente não vou citar o nome, mas que tinha feito aqui um outro discurso caloroso, não em defesa da liberdade, mas em defesa daquele que está destruindo a liberdade – e a gente sabe que esses discursos muitas vezes têm as suas vantagens, mas são vantagens que não são para o Brasil –, ele disse ao senhor: "Vou te visitar na Papuda – ainda vou te visitar na Papuda"”.

O senador disse que vem sendo alertado sobre os riscos de falar a verdade no Brasil atual. Ele disse: “Eu vou estar ao lado de vocês, defendendo um Brasil mais justo, um Brasil mais livre e um Brasil em que os meus filhos possam viver melhor do que eu. E que eles não vivam o susto que eu estou vivendo e o medo que muitos brasileiros estão vivendo”. 

Beto Martins disse estar feliz por fazer parte da bancada catarinense, que já fechou questão em relação ao pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Ele disse: “se o Senado da República fosse a bancada de Santa Catarina, nada disso estaria acontecendo com o senhor, Senador Marcos do Val. Certamente, neste momento, nós já estaríamos aqui fazendo a investigação que deve ser feita por aquele que não está respeitando o país e as leis. Certamente, porque 100% do Senado da República estaria fazendo a investigação que tem que ser feita, 100% do Senado da República estaria lhe prestando solidariedade, porque o senhor é um Senador da República. Não foi isso que me disseram que é a força de um Senador da República”. Martins acrescentou: “a injustiça nunca fica impune, nem aqui, nem perante Deus”.

O senador pediu: “Que os brasileiros, Senador Girão, nos apoiem para que a gente possa escrever na nossa história de vida e deixar um legado que foi em defesa da liberdade, que foi em defesa dos mais humildes, que foi em defesa de que a lei realmente valha para todos”.

Muitos jornalistas e veículos conservadores vêm sendo implacavelmente perseguidos, como é o caso da Folha Política. Nossa sede foi invadida e todos os nossos equipamentos foram apreendidos, a mando do ministro Alexandre de Moraes. À época, o jornalista Alexandre Garcia assinalou que algo semelhante só havia ocorrido na ditadura Vargas, não havendo qualquer exemplo semelhante durante o tão falado regime militar. Mesmo em ditaduras consolidadas, não é comum que se apreendam todos os equipamentos, em claríssima violação a tratados internacionais como o Pacto de São José da Costa Rica. 

Posteriormente, a Folha Política foi alvo do ministro Luís Felipe Salomão, que ordenou o confisco da renda de diversas pessoas, sites e canais conservadores, para impedi-los de exercer suas atividades. Mais de 20 meses da renda dos veículos e comunicadores afetados seguem confiscados, enquanto o inquérito vai sendo transmitido de relator em relator. 

Outros jornalistas e comunicadores foram presos sob alegações como a de sair do país sem saber que estavam sendo investigados. Um deles perdeu o movimento das pernas em um estranho acidente na cadeia, enquanto estava preso por crime de opinião. Ao conseguir refúgio em outro país, viu sua família ter suas contas bloqueadas para que não pudessem receber doações de pessoas que se sensibilizam com a situação de seus filhos. Vários pedem há anos que apenas devolvam seus equipamentos eletrônicos, inclusive com as memórias de entes queridos e da própria família. Outros buscaram refúgio em outros países e são considerados “foragidos” e são alvo de campanhas de difamação pela velha imprensa. 

As medidas arbitrárias impostas aos jornalistas e comunicadores conservadores, por suas características processuais, violam diversos artigos da Constituição e também de tratados como a Declaração Universal de Direitos Humanos e o Pacto de São José da Costa Rica, que protegem a liberdade de expressão e vedam tribunais de exceção. 

Os exemplos são muitos e a perseguição não cessa. Casas invadidas, redes bloqueadas, censura, bloqueio de contas, confisco de bens, cancelamento de passaporte, proibição de contato, entre outras. Nos inquéritos políticos conduzidos em cortes superiores, basta que parlamentares de extrema-esquerda apresentem “relatórios” ou “reportagens” produzidos por pessoas suspeitas e interessadas, acompanhados de listas de pessoas a serem perseguidas, para que essas pessoas sejam privadas de direitos fundamentais. 

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