A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (ASFAV), que atua na defesa de presos e perseguidos políticos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, divulgou um vídeo com o desabafo da jovem Agnes Gusmão, filha de um preso político que está exilado na Argentina e foi detido naquele país, após um juiz argentino decretar a prisão de exilados políticos a pedido do ministro Alexandre de Moraes.
A jovem Agnes teve que interromper os estudos para cuidar dos dois irmãos menores quando seus pais foram presos, em 9 de janeiro de 2023, por estarem em Brasília. Mesmo tendo dois filhos com menos de 11 anos, a mãe de Agnes permaneceu presa por meses, e seu pai permaneceu preso por mais tempo ainda. Com a família exilada na Argentina, Agnes foi surpreendida com a nova detenção de seu pai.
Em vídeo, a jovem explicou que seu pai foi preso na Imigração, rebatendo narrativas falsas que atribuíam motivos variados à prisão. Ela desabafou: “Tem família sofrendo, tem famílias que estão ainda presas no Brasil e que as pessoas estão vivendo normalmente, como se tudo isso que está acontecendo fosse normal”.
Aos que dizem que os presos políticos estariam pagando por seus atos, a jovem disse: “Eu te convido a ter um minuto de conversa com qualquer um dos familiares que ainda estão presos no Brasil, para saber o que está acontecendo no seu país e que uma hora pode bater na sua porta”. Agnes alertou: “uma hora pode ser você passando por tudo isso, precisar ver o sofrimento de duas crianças, de um pai e uma mãe de família que trabalham”. Ela lembrou que, após terem seus direitos violados no Brasil, largaram tudo e foram para outro país, e agora veem a mesma história se repetir.
Agnes Gusmão explicou que a Argentina concedeu asilo político provisório para todos os refugiados brasileiros e que, legalmente, não há possibilidade de extradição. Ela lamentou: “É muito difícil ter que viver novamente tudo isso como se o meu pai fosse um criminoso”.
A deputada argentina María Celeste Ponce, que já promoveu uma audiência pública na Câmara dos Deputados da Argentina sobre os refugiados políticos do ministro Alexandre de Moraes, manifestou-se, pelas redes sociais, alertando que a lei protege os refugiados que pediram asilo naquele país.
A deputada disse: “Quero compartilhar com vocês uma situação que me preocupa. Em Ciudad de La Plata, detiveram exilados políticos brasileiros. Essas pessoas, que pediram asilo político, têm proteção legal contra qualquer tentativa de extradição por parte do Estado brasileiro. É alarmante. É inconcebível que tenham sido presos apesar dessa proteção, e que a detenção tenha sido realizada, aparentemente, de forma ilegal, por um juiz vinculado à esquerda radical argentina”.
A deputada prosseguiu: “não obstante, confio que, no nosso país, sob a liderança do presidente Javier Milei, e com a excelência do novo chanceler Gerardo Huerta, as leis serão respeitadas, e os abusos de autoridade serão evitados. Não permitiremos que idosos, mães e pessoas com necessidades especiais, injustamente acusados de tentar um golpe de Estado, sejam deportados e sofram violações de direitos em nossa terra”.
María Celeste Ponte concluiu: “o que, no Brasil, se utiliza como prova de ‘ameaças ao estado de direito’, como objetos inofensivos, no mundo civilizado é, realmente, motivo de preocupação e solidariedade”.
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