O embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores, explicou, durante pronunciamento ao vivo, a crise do sistema representativo em todo o mundo e como as estratégias marxistas adotadas pela esquerda explicam a ascensão de totalitarismos pelo mundo e, no Brasil, a ‘tomada de poder’ pelo Supremo Tribunal Federal.
O diplomata expôs que, em todos os países, as pessoas se sentem cada vez menos representadas pelos grupos que estão no poder. Ele explicou: “Por alguma razão, dentro dos países, existe toda uma série de mecanismos extra- ou para-constitucionais para diminuir o alcance ou até mesmo criminalizar os grupos políticos que, de alguma maneira, queiram a retrocessão do poder ao povo”.
Ernesto Araújo mostrou a formação de uma espécie de “entidade supranacional” e várias entidades nacionais, reunindo correntes políticas e a velha imprensa, apontando: “existe uma espécie de ‘consenso’ contra qualquer devolução de poder à população”. O diplomata mostrou que, mesmo nos Estados Unidos, esse processo avança, e que a aceitação de Trump é um indicativo da insatisfação da população com o sistema estabelecido.
Araújo explicou: “isso tudo não acontece por acaso. Existe uma programação que vem de pensadores marxistas para ocupar o terreno da política institucional partidária, dentro de democracias liberais, em favor de uma concentração de poder e de uma reorganização do poder de maneira não democrática, para a criação de bases de um sistema totalitário”.
O embaixador citou dois escritores marxistas, Chantal Mouffe e Ernesto Laclau. Ele disse: “a própria Chantal Mouffe diz o seguinte: ‘o meu trabalho, e o do Laclau também, vai no sentido de colocar o marxismo dentro da política’”. Araújo expôs as ideias de Chantal Mouffe: “o marxismo, até os anos 80, 90, se concentrava no terreno da economia, como se fosse uma teoria econômica - que todo mundo viu que não deu certo. Mas, nos anos 90, o marxismo começa a se tornar outra coisa, sobretudo com base nas ideias do Gramsci, com a ideia de que o marxismo precisa entrar dentro da política”.
Ernesto Araújo explicou: “A ideia agora é a de fazer a revolução, não a partir da economia, portanto, a partir da classe trabalhadora, mas a partir da política. E é aí que vem aquela minha tese, que é um pouco uma ironia, ao dizer que nós temos no Brasil uma ditadura do corruptariado. Originalmente, o marxismo fala da ditadura do proletário: o proletariado é a classe revolucionária, a classe que faz a revolução, e que assume um poder, assumidamente totalitário, depois da revolução, para quebrar a hegemonia capitalista. Hoje, nós temos, no Brasil - que talvez seja o grande laboratório disso - uma nova classe revolucionária: a classe política, corrupta, que assume o poder e concentra esse poder para a criação de uma sociedade totalitária. É daí que vem a junção entre as antigas oligarquias corruptas e os antigos projetos de esquerda marxistas que se encontram muito claramente no Brasil, em 2002, com a vitória do Lula, embora já estivessem convergindo antes”.
O diplomata afirmou: “então, isso que nós estamos vendo aqui, essa destruição da democracia representativa, faz parte de um projeto maior, de um processo maior, sem dúvida. Mas como a gente pode ver esse processo? Uma das maneiras de ver é essa: uma tomada do poder a partir do topo, a partir de uma nova classe revolucionária, que é a classe política corrupta”.
Ernesto Araújo expôs: “No Brasil isso é muito claro, tanto que você tem aí expoentes de um projeto comunista, de um projeto revolucionário, ali, encastelados numa das principais torres, na principal torre do sistema de poder, que é o STF. Você tem mais de um marxista ali. Eu diria mais de dez. (...) é cada vez mais visível essa convergência de um projeto de poder com um a destruição do sistema democrático representativo”.