A deputada Chris Tonietto, ao discursar no lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade de Expressão, na Câmara dos Deputados, enfatizou que o debate sequer deveria existir, tendo em vista que a liberdade de expressão já é protegida pela Constituição, como cláusula pétrea, mas que essa defesa se faz necessária diante de um cenário de “esquizofrenia jurídica”.
Chris Tonietto disse: “sinceramente, é realmente bastante triste a gente precisar criar uma frente parlamentar para defender o óbvio”. A deputada explicou que sua ponderação não visava desmerecer a criação da frente parlamentar, e disse: “Muito pelo contrário: a gente sabe que a gente está diante de uma insegurança jurídica, a gente está diante de um estado de coisas tão perverso, tão absurdo, tão crítico, que isso torna a sua atitude praticamente um ato de heroísmo, quase de ter que defender aquilo que realmente deveria ser algo que é perene, que simplesmente não precisaria estar sendo defendido. A gente não deveria estar aqui, por exemplo, numa noite, defendendo algo que todos nós deveríamos fazer com muita tranquilidade. E não é isso que a gente tá vendo hoje. A gente está vivendo um cenário de esquizofrenia jurídica, de insegurança jurídica, de instabilidade jurídica mesmo. Muitos estão absolutamente entregues ao arbítrio dos julgadores, e isso é péssimo. Péssimo para a democracia”.
A deputada Chris Tonietto lembrou que a Constituição deveria ser a baliza para todas as outras leis e também para a atuação das instituições, e que isso não está ocorrendo. Ela exemplificou: “foram citados aqui alguns casos concretos (...) a questão da revista Crusoé e tantas outras revistas, censura de jornalistas, livros didáticos. Porque não concordam com o conteúdo, então censura o trecho do livro didático. Daqui a pouco vai ser a Bíblia! Deus me livre. Então, isso é um atentado à Constituição. A gente tem na Constituição o artigo quinto, como cláusula pétrea, que não deveria nem estar sendo discutido. Imagina, alguém vai atacar a cláusula pétrea da Constituição, se nem por emenda constitucional pode ser modificada? Então, a gente está nesse estado de coisas”.
A deputada rebateu a ladainha de que a censura poderia ser admitida porque a liberdade de expressão não pode ser uma licença para cometer crimes. Ela explicou que, em casos de excessos, a pessoa ofendida pode buscar seus direitos e ter a reparação do dano. Tonietto ponderou: “Agora, a gente vê isso de forma absolutamente seletiva”. Ela deu o exemplo de um grupo conhecido, que atua na velha imprensa, e que, de forma reiterada, afronta o sentimento religioso da maioria da população brasileira. Ela disse: “em nome da liberdade de expressão, entre aspas, eles têm, de fato, uma liberdade ampla para fazer o que bem entendem e para ferir o sentimento religioso”. Tonietto ponderou que existe um crime, previsto no Código Penal, de vilipêndio, e questionou: “Por que determinados grupos têm, aparentemente, uma licença - isso tudo em nome da pseudo liberdade de expressão - para cometer delitos, e outros, que abrem a boca para divergir… Divergência é algo que é salutar para democracia, (...) Absolutamente natural. Agora, por que um grupo pode falar, e outro grupo não pode falar?”.
Chris Tonietto afirmou: “a gente está vivendo esse retrato do Brasil que, infelizmente, vai caminhando para uma ditadura de opinião. O silenciamento coletivo de um determinado grupo, que simplesmente não pode mais se expressar livremente, não pode ter essa liberdade de consciência, de crença, liberdade de pensamento, independentemente de censura. Então a gente está vendo essa violação, essas violações, desses direitos e liberdades individuais, das liberdades democráticas. E nós não deveríamos estar aqui discutindo isso porque deveria ser algo imperativo, porque a própria Constituição já fala, as leis vigentes do país já demonstram isso. É literal. Não estou aqui fazendo pirotecnia jurídica, ginástica mental, não. Aqui é uma questão fática”.
A deputada questionou: “por que a gente está diante dessa instabilidade, ou melhor, desta esquizofrenia jurídica?”.
Chris Tonietto explicou: “O parlamento brasileiro está se apequenando. A cada vez que um parlamentar é calado e cerceado, ainda mais aqui nesta Casa de Leis, esse parlamento se apequena. Quando um parlamentar é silenciado, o fragmento ou o segmento da sociedade que ele representa é silenciado com ele, porque ele representa um nicho. Ele representa um segmento. Ele é um representante legítimo, democraticamente falando, do povo brasileiro. Então, se está calando, não é um parlamentar, é todo um povo, um segmento que ele representa. Então, é a democracia que está sendo fragilizada”.
Ela lembrou que a Constituição prevê a inviolabilidade, civil e penal, dos parlamentares por quaisquer palavras, opiniões e votos, e disse: “Se ele perde a oportunidade, perde a chance de falar, acabou o Parlamento”.
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