sábado, 7 de dezembro de 2024

Desembargador Sebastião Coelho desafia Lira e deputados e exige demissão imediata do diretor-geral da polícia federal


O desembargador aposentado Sebastião Coelho, que atua na defesa dos presos e perseguidos políticos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manifestou-se, pelas redes sociais, rebatendo declarações do diretor-geral da polícia federal, Andrei Passos Rodrigues, que disse que pretende continuar perseguindo parlamentares por suas opiniões, ignorando a imunidade parlamentar prevista na Constituição. 

Sebastião Coelho elogiou o deputado Marcel Van Hattem, que se recusou a comparecer ao ser intimado, por email, a prestar depoimento à polícia federal por falas feitas da tribuna. Coelho classificou a atitude de Van Hattem como corajosa e disse: “Ele foi intimado de forma arbitrária para comparecer à Polícia Federal e não compareceu. Fez valer o que está escrito no artigo 53 da Constituição Federal”. 

O desembargador lembrou que Van Hattem não é o único parlamentar perseguido e conclamou os outros parlamentares a afirmarem sua imunidade parlamentar. Ele disse: “Se eu fosse deputado federal, eu convidaria todos os demais colegas a que levassem para o plenário a mesma foto que o deputado Marcel apresentou e falasse as mesmas palavras. 200 deputados federais. Então, esse é o momento da resistência, senhores. Os senhores são nossos representantes. Não é admissível que, depois de uma audiência pública daquela, depois da manifestação do presidente da Câmara dos Deputados no sentido da defesa dos parlamentares, o diretor da Polícia Federal vá a um evento e diga ‘vamos continuar abrindo inquérito, a imunidade não é absoluta’”.

Sebastião Coelho desafiou o presidente da Câmara, Arthur Lira, a fazer valer seu poder como presidente de uma Casa Legislativa. Ele disse: “o senhor resolve isso com uma ligação. O senhor faz uma ligação para o presidente da República e exige a demissão do diretor geral da Polícia Federal, porque está afrontando a Câmara dos Deputados, e está afrontando o povo brasileiro. É a sugestão que eu faço a Vossa Excelência. O senhor sabe que um telefonema seu, com o poder que o senhor tem, retira na mesma hora esse diretor da Polícia Federal?”. 

O desembargador sugeriu aos deputados: “se unam e façam uma foto, um vídeo dentro do plenário da Câmara dos Deputados, mostrando que a mensagem do deputado MarcelDese Van Hattem é a mensagem de todos, que é a defesa da prerrogativa do exercício livre do mandato que os senhores receberam”.

O desembargador Sebastião Coelho da Silva tornou-se conhecido dos brasileiros quando surpreendeu os colegas ao anunciar, ao vivo, sua aposentadoria, durante sessão do Pleno do Tribunal do Distrito Federal e Territórios. Ele explicou seus motivos: “há muito tempo não estou feliz com o STF. Quem não está feliz no órgão, não pode continuar”.

O desembargador explicou que esteve presente na posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral e disse que, no seu entender, o ministro fez uma “declaração de guerra ao País”. O desembargador acrescentou: “eu não quero participar disso”. 

Sebastião Coelho da Silva disse: “Eu, como corregedor do Tribunal Eleitoral, estive na posse do eminente ministro Alexandre de Moraes, e eu esperava sinceramente que o eminente ministro aproveitasse a presença dos principais candidatos e dos ex-presidentes da República, e do presidente da República, para fazer uma conclamação de paz para a nação. Mas, ao contrário, o que eu vi, ao meu sentir, o eminente ministro Alexandre de Moraes fez uma declaração de guerra ao País. O seu discurso é um discurso que inflama, um discurso que não agrega, e eu não quero participar disso”. 

O desembargador acrescentou: “Enquanto eu estiver aqui, vou cumprir a Constituição, vou cumprir as leis e as decisões judiciais. Eu não vou cumprir discurso de ministro, seja ele em posse, seja em Twitter, seja em redes sociais. O magistrado tem que ter sobriedade. Quando o magistrado fala fora do processo, ele causa desagregação. E o magistrado foi feito, os juízes foram constituídos por Deus para fazer justiça e para pregar a paz”. 

Antes mesmo de sua “declaração de guerra” na posse no TSE, o ministro Alexandre de Moraes já mandou, nos inquéritos políticos que conduz no Supremo Tribunal Federal: “estourar” jornais, mandando apreender todos os equipamentos; prender jornalistas, manifestantes, um parlamentar e um presidente de partido, por crime de opinião; quebrar sigilos de parlamentares, cidadãos e empresas; proibir a manifestação de jornais, parlamentares e cidadãos nas redes sociais; proibir contato entre pessoas; proibir parlamentares de concederem entrevistas e de participarem de eventos públicos; entre muitas outras medidas tomadas sem respeito ao devido processo legal, sem acesso aos autos, e sem lei anterior que defina os supostos crimes sendo investigados. 

Após assumir a presidência do TSE, as perseguições se intensificaram. A campanha eleitoral foi marcada por intensa censura e punições a apenas um lado do espectro político, enquanto o outro agia livremente. Após a posse de Lula, mais de 2000 pessoas foram presas em massa a mando de Moraes, com a colaboração do Exército brasileiro, sem o menor respeito a direitos humanos ou ao devido processo legal. Centenas dessas pessoas passaram meses a fio presas, e só foram libertadas com “medidas cautelares” excessivas e arbitrárias, muito piores do que as que são aplicadas a pessoas condenadas por crimes graves. Milhares de famílias continuam sofrendo com as restrições a suas liberdades e seus patrimônios. Muitos estão sendo condenados a penas absurdas, sem qualquer precedente na história do país, mesmo sem provas de qualquer crime.  Tudo sob o olhar complacente do Senado Federal. O desembargador Sebastião Coelho participa da defesa dos presos políticos e fez a primeira sustentação oral no Supremo Tribunal Federal, quando disse aos ministros que os processos são ilegais e os alertou sobre os sentimentos da população em relação a eles. 

O ministro Alexandre de Moraes também apoiou a decisão do ministro Luís Felipe Salomão, que mandou confiscar a renda de jornais e de comunicadores conservadores, para impedir suas atividades. Entre os vídeos cuja renda foi confiscada pelo ministro Luís Felipe Salomão, estão transmissões de sessões do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, da Presidência da República, do Supremo Tribunal Federal e do próprio Tribunal Superior Eleitoral, além de vídeos produzidos por políticos eleitos pelo povo, notícias pautadas pela documentalidade e pela publicidade e debates concernentes a temas relevantes para a democracia brasileira. Ademais, como não há delimitação temporal ou especificação de vídeos, também houve o bloqueio da renda de mais de 13 mil vídeos do canal Folha Política que foram produzidos pela nossa equipe e publicados ao longo de anos. 

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