O senador Rogério Marinho deu uma ‘aula’ sobre democracia e estado de direito ao sabatinar candidatos ao Conselho Nacional de Justiça, órgão que deveria fiscalizar o Judiciário, mas que, ao contrário, vem servindo como órgão de repressão a magistrados conservadores.
Marinho iniciou lembrando que é exatamente o papel dos parlamentares questionar e criticar, sem limitações. Ele apontou: “mesmo quando há alteração, há rispidez, há contundência, eu prefiro a quando as pessoas se calam ou são emudecidas. A controvérsia não pode ser contida. As pessoas precisam necessariamente entender as diferentes visões de mundo para fazer o seu juízo de valor. Isso é a democracia”.
O senador relatou que, na qualidade de líder da Oposição no senado, é procurado por cidadãos que relatam sua insatisfação com a atuação do Judiciário. Marinho afirmou: “a sensação que existe é que não há hoje justiça, há justiçamento. As palavras são similares, mas o sentido é diametralmente oposto. No Estado de direito, no império da lei, mesmo que a convicção pessoal do julgador vá no sentido contrário do que ele pensa, o fato de ele se manter fiel à lei é um pressuposto extremamente relevante e importante da saúde das instituições brasileiras. E nós estamos vendo a lei ser relativizada, a lei passar a ser uma circunstância em função dos indivíduos e não do problema em si. A lei está sendo - e me desculpem a expressão - fulanizada”.
O senador Rogério Marinho apontou ainda absurdos da atuação de ministros de cortes superiores, demonstrando deboche para com a população que, com seus impostos, sustenta aquele poder, e disse: “o CNJ corrobora legislando e ultrapassando o Congresso Nacional, hipertrofiando um Poder, desequilibrando o pacto entre os Poderes que foi a essência da nossa democracia - Montesquieu, independência, harmonia... Hoje há uma clara disfuncionalidade no funcionamento dos nossos Poderes”.
O senador lembrou que estavam ali no Parlamento, e disse: “aqui a gente está falando, porque o Parlamento é isso, é parlar - e, ao contrário do que têm dito alguns doutos juízes, parlar inclusive com contundência, inclusive com aspereza, inclusive deixando inseguros ou desconfortáveis aqueles que nos ouvem. Porque esse apanágio é da instituição, e não meu. Eu estou Senador da República, eu não nasci Senador da República e não vou morrer Senador da República. Mas, enquanto estiver aqui representando a população do meu estado, eu preciso ter a proteção, que é me dada pela Constituição e que foi inclusive o interesse, o intuito, a vontade dos legisladores, da inviolabilidade do meu mandato por quaisquer - aprendi no português, não é? -, quaisquer atos, opiniões, palavras proferidas. E nós estamos vendo o quê? Nós estamos vendo a relativização dessa blindagem, que na verdade não blinda o cidadão, blinda a democracia”.
Marinho pediu aos candidatos que, em sendo aprovados, tenham a coragem de seguir a lei. Ele relatou como isso não vem acontecendo, contando o caso do vazamento de conversas entre juízes auxiliares do ministro Alexandre de Moraes, no STF e no TSE. Marinho disse: “Isto foi colocado pelos jornais: diálogos cabulosos, em que um juiz auxiliar orienta um funcionário para dizer o seguinte: "Olhe, se você não está encontrando nada contra esse cidadão, use a criatividade". Eu não sabia que no direito há possibilidade de se usar a criatividade para se produzir prova contra o inimigo político. Se isso não é um escândalo, eu não sei o que é escândalo”. Rogério Marinho relatou que fez uma representação ao CNJ, e o corregedor Mauro Campbell Marques sequer abriu um procedimento de investigação. O senador disse: “O Sr. Corregedor Nacional Mauro Campbell, sem abrir procedimento de investigação, concluiu: "... não haver indícios ou fatos que demonstrem que os magistrados descumpriram seus deveres funcionais, apesar dos diálogos expostos". Bom, qual é o sentimento que a sociedade tem em relação a esse tipo de comportamento do corregedor da entidade de que V. Exas. vão participar?”
O senador alertou: “nós estamos aqui num prédio que representa 200 anos de história, que é o Senado da República. Ruy Barbosa é o nosso patrono e já dizia: "A pior ditadura é a do Judiciário, porque não temos a quem recorrer". E todo poder absoluto gera corrupção absoluta. Mas, se o poder não se autocontém - e aqui não é uma ameaça, é uma constatação -, ele será contido de alguma forma”.
Rogério Marinho afirmou que houve uma ruptura institucional e que a constituição já não tem qualquer validade. Ele disse: “se você é adversário, até o art. 5º da Constituição é deixado de lado, porque vale tudo para fazermos com que o inimigo seja colocado no seu lugar, num processo de eugenia política, que não cabe ao Poder Judiciário - não cabe ao Poder Judiciário. Senhores, vivemos um momento muito grave da nossa história”.
O senador rebateu um colega da extrema-esquerda que havia discursado, mostrando como a esquerda distorce narrativas ao seu bel-prazer. Ele disse: “Escutamos aqui um Senador justamente indignado com a sua história, mas que faz uma narrativa: 20 mil mortos. A própria comissão criada pelo partido do Senador fala em 400. São números díspares”. Marinho lembrou que o senador havia se manifestado contra a anistia, e lembrou que figuras importantes da esquerda foram anistiadas, comparando: “Estamos falando de crime de sangue, não de pessoas que estavam com a Bíblia na mão”.
Rogério Marinho expôs o ridículo do inquérito em que um delegado da polícia federal sob o comando de Moraes criou a narrativa do suposto ‘golpe’, mostrando que a narrativa não pára em pé. Ele questionou: “se 15 de dezembro é o dia do golpe, eu pergunto aos senhores: o que aconteceu no dia 8 de janeiro? E as pessoas que foram julgadas e condenadas a 17 anos porque pintaram com batom uma estátua? Porque estavam com a Bíblia na mão na frente de um gramado? Que receberam 14 anos, 12 anos, 17 anos?”
O senador fez um duro alerta aos candidatos: “a responsabilidade de V. Exas. é muito grande. O momento que o país vive é muito desafiador. Precisamos todos ter, sobretudo, serenidade e espírito de Brasil e entendermos que cada um de nós precisa ter a possibilidade de dizer as suas verdades. E se eu me sinto incomodado com o que alguém está falando, eu só quero ter a oportunidade de contraditá-lo e fazer o debate; não de calá-lo e não de emudecê-lo, porque isso não é democracia - isso é ditadura travestida de legalidade”.
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