O embaixador Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Internacionais, analisou as intenções expansionistas que foram expressas no discurso de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bem como as intenções do novo presidente de restaurar o equilíbrio da Justiça naquele país. Araújo disse: “para resumir o resumo, eu acho que é um novo jogo, é um novo processo de relações no mundo, nas sociedades, que está sendo introduzido”
Araújo prosseguiu: “o Trump, obviamente, faz referência a isso, conscientemente ou não. Quem fala de Idade de Ouro está falando, queira ou não, de todos esses mitos e da percepção de que estamos vivendo uma idade de ferro, ou uma Kali-Yuga, ou uma Idade das Trevas, e que a chegada a uma Idade de Ouro é repentina. Ela é um relâmpago, e ela se dá num momento”. Ele resumiu: “então é uma quebra. É uma quebra no tempo histórico, é uma quebra no tempo mítico, quando ele diz: ‘começa agora uma nova idade de ouro’”.
O embaixador apontou a aberta tendência expansionista exposta por Trump, iniciando com a mudança de nome do Golfo do México para Golfo da América. Araújo disse: “é um elemento dessa visão que o Trump traz, que é o elemento territorial. Ele volta a pensar o tema do território. Não apenas. Ele volta a pensar o tema da guerra cultural e tudo isso, mas ele volta a pensar também em termos de território”. O diplomata citou as declarações de Trump sobre comprar a Groenlândia e retomar o Canal do Paraná, além da sugestão de anexar o Canadá, e disse: “mostra que ele está pensando em termos territoriais. Em fazer uma América grande também em termos territoriais”. Ele acrescentou: “é um sinal de que ele pensa numa projeção realmente geográfica, territorial, dos Estados Unidos. (...) um dos elementos que ele coloca como os elementos dessa recuperação da grandeza dos Estados Unidos é a territorial. Ele fala ‘Nós vamos crescer territorialmente’, e as pessoas não prestaram muita atenção nisso. Então, é porque ele quer realmente território (...) Ele quer que os Estados Unidos cresçam territorialmente”.
Outro tema do discurso de Trump destacado por Ernesto Araújo foi a proposta de acabar com a politização da Justiça em sua Era de Ouro dos Estados Unidos. Araújo disse: “ele foi vítima de perseguição judicial, totalmente parcial, totalmente indevida, lá nos Estados Unidos. Não por parte da Suprema Corte. Esses processos que foram movidos contra Trump, nenhum chegou até a Suprema Corte. Os processos movidos contra ele foram conduzidos em instâncias inferiores por promotores e juízes ligados a George Soros, ligados ao Partido Democrata, de maneira visivelmente parcial”.
O diplomata explicou que, nos Estados Unidos, não há um Ministério Público separado do poder Executivo. Ele disse: “os Estados Unidos têm uma peculiaridade: o Departamento de Justiça corresponde, por um lado, ao nosso Ministério da Justiça, como parte do Executivo, mas ele corresponde também ao nosso Ministério Público. Eles não têm um Ministério Público separado. Portanto, a ideia é que esse braço de Ministério Público, de acusação, tem que ser independente, embora seja parte do Executivo. E não foi. Foi instrumentalizado. A Polícia Federal deles, que é o FBI, deu busca e apreensão lá em Mar-a-Lago, na casa do Trump, de maneira totalmente desnecessária. Não encontraram nada. Tentaram de tudo para incriminar o Trump. E ele, então, já começa dizendo: ‘isso aqui vai parar’”.
Araújo afirmou: “essa mensagem de despolitização da justiça é fundamental”. O diplomata lembrou que os Estados Unidos são um modelo de democracia para o mundo. Ele exemplificou: “o papel que, por exemplo, o STF brasileiro assume é um papel derivado do papel da Suprema Corte americana. Quem inventou a ideia de Suprema Corte com o poder de derrubar leis, com poder de derrubar até mesmo presidentes, e com o poder de derrubar, de cassar parlamentares, tudo isso… quem criou a ideia de uma Suprema Corte tão forte quanto o Executivo foi a Constituição americana no final do século XVIII. E isso depois foi ganhando corpo com o tempo. Mas a ideia está lá. Então, todo o constitucionalismo, a ideia de que a Suprema Corte tem que mandar nos países, deriva do modelo americano. O modelo jurídico americano é, sim, fundamental para o Brasil. Então, se esse modelo deixa de perseguir judicialmente os adversários, isso é muito importante para nós”.
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