O procurador e professor de Direito Marcelo Rocha Monteiro participou da transmissão ao vivo da Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (ASFAV) que debateu a situação dos presos e perseguidos políticos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, dois anos após as prisões em massa ordenadas pelo ministro.
Questionado sobre a possibilidade de uma autocontenção por parte do Supremo Tribunal Federal, o procurador apontou o absurdo de se acreditar nessa possibilidade. Ele afirmou: “eu costumo dizer que quem acredita em autocontenção desses ministros do Supremo acredita também na fada do dente, em Papai Noel e no coelhinho da Páscoa. Eles estão dando todas as demonstrações de que não reconhecem limites para o seu poder absoluto. Eles se acham investidos de um poder absoluto. E esse caso do 8 de janeiro é um dos exemplos, talvez o mais significativo, mas não é o único exemplo disso”.
O procurador explicou para o público leigo como funciona um inquérito e mostrou como os procedimentos utilizados pelo Supremo Tribunal Federal estão completamente descolados da previsão legal. Marcelo Rocha Monteiro explicou que, normalmente, nos inquéritos, o juiz só participa do inquérito para avaliar pedidos feitos pelos órgãos investigativos, decidindo, de forma isenta, se o direito individual pode ser afastado no interesse da investigação. O procurador disse: “você percebe que este juiz precisa ser uma figura isenta, não pode partir dele a iniciativa, ‘eu quero fazer uma busca’, ‘eu quero interceptar’, porque se ele quer, e ele tem o poder, então já está autorizada a busca, já está autorizado a quebra do sigilo”.
Monteiro contrastou a previsão legal com a atuação do ministro Alexandre de Moraes: “O que é que o senhor Alexandre de Moraes faz nesses inquéritos? Todo mundo desconfiava, mas a gente descobriu isso naquele episódio que a Folha de São Paulo revelou, aquelas conversas lá, do Glenn Greenwald. Ele manda o assessor entrar em contato com a polícia, ou com outro órgão qualquer, e diz ‘olha só, vai atrás da prova tal contra fulano, faz uma busca, agora não diz que é o ministro que está pedindo, não, ao contrário, manda um ofício como se você estivesse pedindo ao ministro Moraes essa diligência, esta investigação, essa busca’. E aí ele vai autorizar, como se estivesse agindo de forma imparcial”.
O procurador prosseguiu: “e isso mostra por que, por exemplo, nós tivemos, nesses inquéritos, algo que eu nunca tinha visto na vida: o Supremo não só instaurou esse inquérito do fim do mundo, como o ministro relator, Alexandre de Moraes, escolheu a equipe de policiais que iria atuar na investigação. Juiz não pode escolher delegado, não pode escolher investigador. Não pode escolher. Isso não existe. A polícia é um órgão do Poder Executivo. Por que é que ele fez isso? Porque ele quer exatamente ter pessoas da sua irrestrita confiança”. (...) Então esse é o teatro que foi montado nesses inquéritos, para serem usados como instrumentos de poder sem freio do sr. Alexandre de Moraes e dos seus colegas de Supremo Tribunal Federal”.
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